Título: ISRAEL AUTORIZA NOVAS OPERAÇÕES NA FAIXA DE GAZA
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Fonte: O Globo, 23/11/2006, O Mundo, p. 34

Padre e freira atuam como escudos humanos para evitar bombardeio

JERUSALÉM. O gabinete de segurança israelense autorizou novas operações militares e o prosseguimento dos assassinatos seletivos na Faixa de Gaza, mas descartou no momento uma ação em larga escala contra os disparos de foguetes palestinos que, somente nas três primeiras semanas de novembro, chegaram a 155, matando dois israelenses. A decisão contrariou alguns ministros, que desejavam uma ação mais ampla.

"O gabinete decidiu continuar as operações de liquidação seletiva contra elementos envolvidos em ataques terroristas, assim como as ações militares contra instituições do Hamas na Faixa de Gaza", informa o comunicado oficial. Uma fonte explicou que as operações seletivas buscam "impedir disparos de foguetes contra Israel, assim como o contrabando de armas por túneis na fronteira com Egito".

Membros do gabinete queriam que o primeiro-ministro Ehud Olmert autorizasse uma ampla ofensiva para deter o lançamento de foguetes. Mas a operação, segundo analistas, traria riscos políticos para Olmert, que viu sua popularidade despencar após o confronto com a milícia libanesa do Hezbollah.

O ministro de Segurança Pública, Avi Dichter, chegou a renovar seu pedido por uma grande ofensiva militar durante a reunião, revelaram fontes. Mas o comandante militar, general Dan Halutz, derrubou a proposta, dizendo que ela só deve acontecer após um esforço concentrado.

- É preciso haver um horizonte (diplomático) - disse Halutz, segundo a fonte.

Grupos armados palestinos disseram que a nova chuva de foguetes é uma resposta aos ataques israelenses, incluindo o do dia 8 que matou 19 civis em Beit Hanoun. A média de disparos dobrou este mês, já que em outubro foram 70, segundo Israel.

Dois civis palestinos morrem em ataques israelenses

Mais tanques e blindados israelenses invadiram ontem o norte da Faixa de Gaza, em operações que mataram cinco palestinos - dois deles membros do braço armado do Hamas e um das Brigadas dos Mártires de al-Aqsa. Dois civis também foram mortos: uma mulher de 35 anos e um adolescente de 14. Várias pessoas ficaram feridas.

Em meio aos ataques, um padre e uma freira americanos decidiram se tornar escudos humanos para impedir o bombardeio de casas. O padre Peter Dongherty, de 65 anos, e a irmã Mary Ellen, de 55, permaneciam na casa de Mohamed Barudi, membro dos Comitês Populares de Resistência, em Bet Lahie.

- Nós nos opomos a todo tipo de violência, seja do lado palestino ou israelense, e estamos aqui para evitar que uma família perca sua casa porque um de seus membros está envolvido em atos de violência - disse a freira. - A solução não é destruir a casa, mas prender os implicados.