Título: QUADRILHA DESVIAVA VERBA DE ONG CONTRA CÂNCER
Autor: Ana Paula de Carvalho
Fonte: O Globo, 24/11/2006, O País, p. 5

GAPC e Abrapec, `franquias da LBV¿, eram usadas como fachada; foram presas 16 pessoas em PR, SC, RS e SP

CURITIBA. Uma operação da Polícia Civil do Paraná desarticulou ontem uma quadrilha que desviava dinheiro e utilizava como fachada duas Organizações Não-Governamentais (ONGs) que diziam arrecadar fundos para pessoas portadoras de câncer, o Grupo de Apoio a Pessoas com Câncer (GAPC) e a Associação Brasileira de Assistência a Pessoas com Câncer (Abrapec). Foram presas 16 pessoas em São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Todas são acusadas de desviar pelo menos R$30 milhões somente em 2005, sendo que a declaração à Receita Federal era de R$17 milhões.

O chefe da quadrilha é o jornalista Arnaldo Braz, dirigente das ONGs, preso em São Paulo. O secretário de Segurança Pública do Paraná, Luiz Fernando Delazari, considerou que foi a maior operação de combate a fraudes em ONGs no país.

¿ Era uma quadrilha que se escondia atrás do muro de ONG para ganhar dinheiro de forma ilegal. Era um ótimo negócio ¿ disse Delazari.

Além das prisões, foram cumpridos 31 mandados de busca e apreensão. Os policiais apreenderam R$600 mil em dinheiro, R$200 mil em cheques e mais de 20 veículos novos, como Mercedes-Benz, Vectra, Mégane, Marea, Focus, Idea e uma caminhonete S10.

¿ Era uma modalidade de lavagem de dinheiro bem parecida com a utilizada pelo narcotráfico e pela jogatina ¿ declarou Delazari.

Grupo, dissidente da LBV, foi criado com fins ilícitos

Com Arnaldo Braz, foram apreendidos dois veículos, documentação e computadores. Delazari aponta que o grupo era dissidente da Legião da Boa Vontade (LBV) e foi fundada com o fim de enriquecimento ilícito.

¿ Essas ONGs funcionavam como uma franquia da LBV, com o mesmo modus operandi e inclusive os dirigentes estavam erguendo templos espirituais no Paraná e em São Paulo ¿ disse o secretário.

As investigações, que tiveram início há um mês, foram deflagradas a partir de denúncias de ex-funcionários das próprias ONGs, com matriz em São Paulo e cerca de 50 filiais espalhadas pelo país. Como os dirigentes não podem receber, por lei, remuneração, o grupo utilizava as ONGs para ganhar dinheiro.

¿ Era gritante o modo como eles agiam. Doações iam direto para contas bancárias pessoais ¿ disse Delazari.