Título: PMDB JÁ DISCUTE PARTILHA DE CARGOS
Autor: Gerson Camarotti e Luiza Damé
Fonte: O Globo, 24/11/2006, O País, p. 10

Partido quer controle da Eletrobrás e ainda manter pastas como Minas e Energia

BRASÍLIA. Com a participação assegurada no governo de coalizão que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer implantar no seu segundo mandato, o PMDB já começa a sonhar, e alto, com a divisão dos espaços no Executivo. Com as maiores bancadas na Câmara e no Senado, o partido imagina que poderá ter também o maior número de pastas na equipe de Lula, independentemente da disputa pelas Mesas das duas Casas do Congresso. E, antes mesmo de formalizada a adesão, já discute a partilha dos postos na Esplanada.

A ida do presidente nacional do partido, deputado Michel Temer (SP), ao Palácio do Planalto, anteontem, deflagrou, nos bastidores, as discussões sobre os cargos considerados prioritários para o partido. Mas antes de expor suas pretensões a Lula, os peemedebistas adiantam que pretendem negociar com o presidente os critérios para a ocupação de cada pasta.

De acordo com interlocutores do partido, o ex-presidente José Sarney, por exemplo, estaria propenso a lutar pela permanência de Silas Rondeau no Ministério das Minas e Energia. Como é certo que o PMDB não conseguirá tirar do PT a indicação para a presidência da Petrobras, o partido reivindicará o comando da Eletrobrás. E ainda pedirá ao presidente que a estatal seja, de fato, fortalecida, como já sinalizou o próprio Lula.

Ao que tudo indica, Sarney estaria desistindo de nomear a filha, a senadora Roseana Sarney (MA), derrotada na disputa pelo governo maranhense, que deverá deixar o PFL e assinar nas próximas semanas sua ficha de filiação ao PMDB. A avaliação de alguns de seus aliados é de que a nomeação de Roseana poderia expor o pai demasiadamente. Assim, consideram que seria melhor assegurar-lhe um papel de destaque dentro do próprio Senado. A idéia é que ela se transforme numa das estrategistas do governo em votações importantes ¿ função que ocupou informalmente no início do governo.

Os peemedebistas também não estariam dispostos a abrir mão do Ministério da Saúde, a pasta com o maior orçamento da Esplanada. Neste caso, porém, o partido nomearia um substituto para o atual ministro Agenor Alves, considerado um homem do ex-ministro José Dirceu e não do deputado Saraiva Felipe (PMDB-MG), seu antecessor.

Se decidir tomar de volta a pasta para o PT, o presidente Lula terá de oferecer uma compensação para partido, é o que dizem nos bastidores os peemedebistas.

O senador Hélio Costa também trabalha para permanecer no Ministério das Comunicações. Mas uma das prioridades do partido é garantir pelo menos mais uma pasta de peso: Cidades ou Integração Nacional. Com a adesão agora da antiga ala oposicionista do partido ao governo de coalizão, é possível que falte espaço para tantas demandas.