Título: Apesar da fusão, mercado prevê que concorrência deve continuar acirrada
Autor: Mirelle de França/Bruno rosa
Fonte: O Globo, 24/11/2006, Economia, p. 30

Fornecedores ainda não sabem como ficarão operações depois do acordo

A competição no comércio eletrônico no país deverá continuar acirrada, apesar da fusão entre Americanas.com e Submarino. De acordo com especialistas, os negócios online das grandes empresas de varejo, como Ponto Frio e Magazine Luiza, vão manter a concorrência no setor, principalmente nos segmentos de eletroeletrônicos de valor alto e linha branca (como geladeira e fogão).

- Imagine o que vai acontecer quando uma empresa como a Casas Bahia entrar nesse ramo? O mercado está cada vez mais competitivo, e a operação online das redes tradicionais está crescendo rapidamente. As Lojas Americanas são um bom exemplo: as vendas via internet representam 33%, mas, segundo nossas projeções, deverão ser maiores que as das lojas físicas já em 2012 - afirmou o analista de Consumo e Varejo da Bradesco Corretora, Marcel Moraes.

O analista ressalta, no entanto, que é esperado um grau de concorrência menor no segmento de produtos de baixo valor, como DVDs, CDs e livros, que hoje representam 35% do total das vendas online. Segundo Moraes, sites de pesquisa de preços - como Buscapé e Bondfaro - ajudam a manter a competição no setor.

- As grandes redes de varejo têm escala, o que ajuda a manter o mercado aquecido - disse Moraes, frisando, no entanto, que dificilmente a participação do mercado no varejo vai superar o peso do comércio tradicional. - Para se ter uma idéia, nos EUA, o percentual das vendas online é de apenas 8%.

Para o consultor da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico, Gastão Matos, o consumidor não sairá perdendo:

- A nova empresa que surge deverá conseguir benefícios, como melhores condições de preços com fornecedores.

Operação preocupa varejistas menores

Para o analista do Banco Modal, Eduardo Roche, a fusão também teve como objetivo proteger o mercado de concorrentes estrangeiros, como a americana Amazon.com. Ele lembrou ainda que, recentemente, a Americanas.com comprou o Shoptime.com, que também tem canal de vendas na TV.

A fusão entre as duas maiores empresas de vendas pela internet gerou preocupações no setor, que este ano movimenta cerca de R$4,3 bilhões.

- As vendas pela internet ficarão concentradas. A tendência é um mercado mais apertado para as empresas menores que não aderirem à guerra dos preços - disse Marcos Zignal, vice-presidente da rede de locadoras Blockbuster.

Empresas que trabalham em parceria com as duas maiores do setor ainda não sabem o futuro dos negócios.

- A Americanas.com representa entre 10% e 15% de nosso faturamento. Hoje, nosso principal concorrente é o Submarino. Não sabemos como a nova companhia vai funcionar - diz Marcelo Franco, diretor da Sacks, responsável por 60% das vendas do setor de beleza pela rede e que atua com Americanas.com e Shoptime.