Título: DESEMPREGO CAI POUCO, MAS SALÁRIO SOBE 5,4%
Autor: Cássia Almeida e Eliane Oliveira
Fonte: O Globo, 24/11/2006, Economia, p. 33

De setembro para outubro, taxa de desocupação baixou de 10% para 9,8%. Emprego formal também cresceu

RIO e BRASÍLIA. Hoje, Walnei da Silva Santos começa a trabalhar no novo emprego numa rede de lanchonetes. Procurando trabalho há dois meses, o jovem de 27 anos, com ensino médio incompleto, tem experiência na área e estava confiante em conseguir a vaga na última semana:

- Já estou com a carta na mão. Espero conquistar o trabalho e voltar a estudar.

A história de Santos tende a se repetir com mais freqüência nos próximos meses, com o aumento da oferta de trabalho temporário e permanente para o Natal, acreditam os analistas, após ver os resultados da Pesquisa Mensal de Emprego, divulgada ontem pelo IBGE. Houve ligeira redução na taxa de desemprego de setembro para outubro - de 10% para 9,8% - pela procura menor por ocupação, o que caracteriza o desempregado. O rendimento médio real subiu 5,4% frente a outubro de 2005 (a maior alta desde maio) e 1,2% contra setembro. Na média do ano, o salário subiu 4,1%, recuperação bem superior ao 1,4% de 2005 no mesmo período.

A pesquisa mostrou sinais de início das contratações temporárias para o Natal. O comércio aumentou em 3,1% o seu quadro de ocupados de setembro para outubro. Segundo o gerente da pesquisa, Cimar Azeredo, houve migração de trabalhadores entre grupos de atividades:

- Com o fim do período eleitoral, os trabalhadores contratados nessa época foram dispensados, o que aparece na queda de 0,8% no grupo outros serviços e 2,4% nos serviços prestados a empresas (onde estão contratados para trabalhar nas campanhas). Já no comércio, houve alta na ocupação.

Para Marcelo de Ávila, pesquisador associado do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a falta de criação de postos de trabalho em outubro foi uma acomodação:

- Em agosto e setembro, foram quase 500 mil vagas a mais. A taxa de desemprego pode ficar abaixo de 9% em dezembro.

Azeredo, do IBGE, disse que o mercado de trabalho melhorou, apesar de não ter gerado postos suficientes para o desemprego cair com força. Ele citou a alta do rendimento e o crescimento de 6,7% no número de ocupados com carteira assinada:

- O aumento do emprego com carteira, que tem salários maiores, o reajuste do mínimo e a inflação controlada ajudaram a elevar o rendimento este ano.

Para o técnico, o desemprego deve baixar nos próximos meses, com as contratações para o Natal e a queda na procura, natural entre Natal e Ano Novo.

Governo Lula deve criar 4,6 milhões de vagas formais

O Cadastro Geral dos Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho (Caged) registrou, em outubro, a criação de 129.795 empregos com carteira assinada. Foi o segundo melhor resultado para o mês, próximo ao recorde histórico, de outubro de 2004, quando foram contratados 130.159 trabalhadores.

Segundo o ministro Luiz Marinho, o desempenho deve-se ao dinamismo do mercado interno. No ano, foram criados 1.513.600 postos formais, número que vai recuar para 1,25 milhão em dezembro devido às dispensas de temporários (especialmente na indústria). Isso repetiria o resultado de 2003 e faria com que o presidente Lula terminasse o mandato com a geração de 4,672 milhões de empregos formais.

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