Título: PRESIDENTE DO BB VAI DEIXAR O CARGO
Autor: Regina Alvares e Patricia Eloy
Fonte: O Globo, 25/11/2006, Economia, p. 36

Rossano Maranhão tinha divergências com Mantega. Petistas disputam vaga

BRASÍLIA. O presidente do Banco do Brasil (BB), Rossano Maranhão Pinto, colocou na semana passada seu cargo à disposição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, indicando ser praticamente certa sua saída do comando do maior banco público do país encerrado o primeiro mandato. Rossano já afirmou a interlocutores que sua disposição é deixar a instituição ¿ conforme antecipou ontem o colunista Ancelmo Gois ¿ pois considera sua missão cumprida. Lula disse apenas ao dirigente que a presidência do BB será discutida juntamente com a nova composição do ministério e pediu que Rossano ficasse até o fim de dezembro.

Dois outros motivos levam Rossano a inclinar-se pela saída do banco. São muitos os convites da iniciativa privada. Entre 2001 e 2002, por exemplo, enquanto era vice-presidente da área internacional e comercial do banco, chegou a receber pelo menos duas propostas para assumir altos cargos executivos nos maiores bancos do país. Outra razão é a incompatibilidade com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ao qual está diretamente subordinado. O relacionamento entre ambos seria ¿menos que protocolar¿. No fim da noite de quarta-feira, Rossano esteve com Mantega, mas a agenda não foi divulgada.

Funcionário de carreira do BB há 30 anos, Rossano está na diretoria do banco desde o governo Fernando Henrique Cardoso. Foi mantido no cargo com aval dos petistas vinculados à instituição, mas por interferência de tucanos. Assumiu a presidência no fim de 2004, no lugar de Cássio Casseb, sob o patrocínio do então ministro da Fazenda, Antonio Palocci. Naquele momento, a turbulência era enorme. Rossano teve atuação firme e discreta.

Troca de comando também na BB DTVM

Além de investigação contra Casseb sobre remessa de recursos ao exterior, havia acusações contra o BB pela compra de R$70 mil em ingressos para show da dupla sertaneja Zezé di Camargo e Luciano cujo objetivo era arrecadar dinheiro para o PT. Mais tarde, o banco também foi envolvido na CPI dos Correios por supostas irregularidades cometidas ainda sob a gestão de Casseb, envolvendo a Visanet.

Hoje, apenas dois dos sete vice-presidentes do BB estão ligados ao PT: Adézio Lima, das áreas de Crédito, Controladoria e Risco Global; e Luiz Oswaldo Sant'lago Moreira de Souza, de Gestão de Pessoas e Responsabilidade Socioambiental. A disputa entre petistas é acirrada nos bastidores.

Ontem, Nelson Rocha, presidente da distribuidora de valores da instituição, a BB DTVM, também pediu demissão. Será substituído pelo atual gerente-executivo da empresa, Alberto Monteiro de Queiroz, funcionário de carreira do banco.