Título: LULA TAMBÉM VAI DIVIDIR COM ALIADOS 600 CARGOS
Autor: Ilimar Franco
Fonte: O Globo, 26/11/2006, O País, p. 12

Postos nos estados são os mais cobiçados pelos deputados e já preocupam os petistas

BRASÍLIA. O pânico toma conta dos petistas toda vez que os aliados falam em administrar ministérios em regime de porteira fechada, pelo qual o partido do ministro fica com todos os cargos de segundo escalão e nos estados. No primeiro mandato, o PT, mesmo representando 20% da Câmara, detinha quase 70% destes cargos. Esta realidade vai mudar, o presidente Lula garantiu que os aliados terão mais espaço e mais poder no segundo mandato.

Lula já pediu uma lista dos ocupantes de todos os cargos de interesse político, em Brasília e nos estados ¿ cerca de 600 ¿ aos ministros Tarso Genro (Relações Institucionais), Dilma Roussef ( Casa Civil), e Paulo Bernardo (Planejamento).

¿ Vamos deixar o presidente à vontade. Ele sabe a importância estratégica do PT. Nós precisamos de um Ministério e de um governo que consolide nosso bloco político e nosso projeto de mudanças tendo em vista a eleição de 2010 ¿ diz o líder do PT na Câmara, Henrique Fontana (RS), no papel de bombeiro.

Apesar dessa posição, os petistas consideram que haverá muita resistência à partilha. Nos últimos quatro anos a maioria destes cargos foram repartidos pelo PT e suas diversas tendências, independentemente da representação parlamentar.

Eram muitos os casos de ministros ¿vigiados¿ por petistas nos escalões inferiores e, principalmente, nos estados. Agora, Lula foi advertido pelos aliados que haverá um levante se esse procedimento for mantido.

¿ O que garante o apoio no Congresso não são ministérios. Para os deputados, o mais importante é o preenchimento dos cargos federais nos estados ¿ adverte o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

A distribuição desses cargos fica para uma segunda etapa. Os políticos experientes, que já passaram por isso nos governos José Sarney e Fernando Henrique Cardoso, prevêem que o governo terá de administrar pequenas crises. Os que estão nos cargos vão resistir e, como sempre ocorre nestas situações, o fogo amigo tentará incinerar as pretensões de petistas e aliados candidatos a assumirem as mais variadas funções. A oposição está a espera da munição.