Título: APÓS 3º LUGAR NA ELEIÇÃO PRESIDENCIAL COM HH, O PSOL TEM FUTURO INCERTO
Autor: Evandro Éboli
Fonte: O Globo, 26/11/2006, O País, p. 14

Partido, que só elegeu três deputados, terá que formar blocos na Câmara

BRASÍLIA. Legenda que nasceu de uma dissidência do PT e como opção de uma esquerda mais radical, o Partido Socialismo e Liberdade, o PSOL, tem um futuro incerto. As urnas mostraram que sua real sobrevivência é uma incógnita. O partido viveu um bom momento na campanha eleitoral, com o crescimento da candidatura presidencial da senadora Heloísa Helena (AL), que terminou a disputa em terceiro lulgar. Os dirigentes do PSOL chegaram a acreditar que a bancada na Câmara, hoje de sete deputados, poderia dobrar. Bem longe disso, o número reduziu à metade: só três deles foram eleitos.

O PSOL não atingiu os 5% dos votos para a Câmara, que lhe garantiria cumprir a cláusula de barreira. Nem chegou aos 2% em nove estados, como exige a cláusula. Assim, o partido sequer sabe se terá direito ao tempo de TV em programas eleitorais e se vai continuar recebendo o pífio recurso de fundo partidário. Este ano, o PSOL recebeu apenas R$28 mil. Para se ter uma idéia, o PT, o mais rico da turma, abocanhou R$20,1 milhões. O PSDB, R$15,6 milhões. PFL e PMDB ficaram, cada um, com R$14 milhões.

Internamente, na Câmara, o partido vai precisar formar bloco com outra legenda para que seus deputados, ao menos, tenham direito a uma vaga em comissões secundárias, direito à palavra no plenário e, quem sabe, participar da reunião de líderes. O futuro do partido não é mesmo animador.

Os deputados do PSOL não escondem um pouco da frustração com os resultado das urnas, mas não consideram a batalha perdida. O líder do partido na Câmara, Chico Alencar (RJ), que foi reeleito, atribui as dificuldades enfrentadas pela legenda ao fato de se tratar de uma proposta nova apresentada ao eleitor, mas que tem futuro:

¿ Nós ficamos no limite do possível e aquém da expectativa. Claro que esperava mais. Mas o desafio agora é a construção do partido, um recém-nascido. Temos a compreensão de que o PSOL é uma necessidade na sociedade brasileira.

Os outros dois reeleitos foram Luciana Genro (RS) e Ivan Valente (SP). A direção do PSOL dava como certa a reeleição de João Alfredo (CE). A deputada Maninha (DF) obteve excelente votação, mas sem coligação, também não obteve sucesso. Ela recebeu quase 5% dos votos para deputado no Distrito Federal. Esse foi outro problema sério que o PSOL enfrentou, a falta de partidos fortes ao seu lado nas chapas. Não se reelegeram também Babá (RJ) e Orlando Fantazzinni (SP).

Para João Alfredo, o PSOL, durante um período, irá ¿caminhar no deserto¿:

¿- As contradições do governo e o apoio dos movimentos sociais darão força ao PSOL e teremos um bom desempenho nas eleições municipais.