Título: OPOSIÇÃO AMEAÇA LANÇAR CANDIDATO CONTRA RENAN
Autor: Adriana Vasconcelos e Gerson Camarotti
Fonte: O Globo, 26/11/2006, O País, p. 16
Disputa pelo comando de Senado e Câmara será acirrada
BRASÍLIA. Disposto a aguardar o desfecho da eleição para o comando das duas Casas do Congresso Nacional para terminar de compor sua equipe ministerial, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá de administrar até fevereiro conflitos entre os aliados, além da ameaça da oposição de lançar a candidatura de Agripino Maia (PFL-RN) no Senado. Embora o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) seja forte candidato à reeleição, e o deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP) seja o favorito do Palácio do Planalto para continuar na presidência da Câmara, o clima hoje é de total indefinição, com possibilidade de disputa acirrada.
Na tentativa de construir uma candidatura de consenso no Senado, Renan, em intensa e silenciosa campanha, já mandou um recado para a oposição: se houver disputa, não haverá acordo para os demais cargos da Mesa. Isso poderá atrapalhar os planos de Agripino, que enfrenta resistências no próprio PFL para levar adiante sua candidatura. Seu colega Efraim Moraes (PFL-PI), por exemplo, não esconde o desejo de continuar ocupando a Primeira Secretaria da Casa.
Nos bastidores, tucanos preferem Renan
Embora o PSDB tenha anunciado sua disposição de apoiar a candidatura de Agripino, nos bastidores os tucanos não escondem que preferem fechar um acordo com Renan. Apesar de sua ligação com o Planalto, o Renan foi cuidadoso no cargo e evitou atropelar a oposição, o que estaria contando a seu favor neste momento.
A eleição de Renan, no entanto, corre o risco de ser contaminada pela eleição na Câmara, onde quatro governistas já se apresentaram: os peemedebistas Geddel Vieira Lima (BA) e Eunício Oliveira (CE), o petista Arlindo Chinaglia (SP) e o comunista Aldo Rebelo, esse último seria o preferido de Lula.
¿ Tenho vontade de construir um paredão entre os salões verde e o azul, para uma eleição não contaminar a outra ¿ brinca Renan.
Sem saber efetivamente o espaço que lhe caberá no segundo mandato de Lula, os deputados do PMDB ¿ que formam a maior bancada da Casa ¿ não aceitarão candidamente um acordo para a reeleição de Renan que inclua a cessão da presidência da Câmara para outro partido da base governista.
Mesmo com chances reduzidas de vitória, a candidatura de Agripino estaria sendo estimulada pelo presidente nacional do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), e o líder do partido na Câmara, Rodrigo Maia (RJ).