Título: CONTAS REFEITAS APÓS CORTES NO ORÇAMENTO
Autor: Antônio Werneck e Elenilce Bottari
Fonte: O Globo, 26/11/2006, Rio, p. 19

Governo federal pode ter que gastar mais R$100 milhões

Por causa dos cortes no orçamento na Secretaria de Segurança feitos pela governadora Rosinha Garotinho nos últimos meses de seu mandato, para cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal, os responsáveis pela segurança dos Jogos Pan-Americanos, da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), estão sendo obrigados a refazer todas as contas de gastos. No início, a previsão do governo federal era de um orçamento de R$385 milhões para ser empregado na segurança dos jogos, mas os técnicos já identificaram que os recursos terão que ser receber uma injeção de pelo menos mais R$100 milhões. Oficialmente o assunto é tratado com reservas e ninguém fala abertamente.

Os cortes na área de segurança pública do estado atingiram em cheio as polícias Civil e Militar, sem poupar até o próprio secretário de Segurança, Roberto Precioso, que teve que devolver seu celular de trabalho. Na Polícia Militar, foram cortados telefones até mesmo de oficiais e comandantes de unidades. A PM também teve que reduzir as cotas de combustível gastas nos carros de policiamento ostensivo. O mesmo aconteceu na Polícia Civil. Operações que estavam sendo planejadas foram suspensas e a principal atingida foi a Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), responsável pelo combate ao tráfico de drogas em todo estado.

Os cortes custaram até mesmo a saída do subsecretário de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública, coronel Romeu Antonio Ferreira. Depois de saber que boa parte do seu efetivo de investigação de rua ficaria sem rádios de transmissão, entregou sua carta de demissão e foi substituído.

Fontes da Senasp disseram que, dos R$385 milhões inicialmente previstos, cerca de R$140 milhões já foram liberados. Cerca de R$80 milhões serão destinados para a compra de helicópteros. Ao todo serão usadas na segurança do Pan 26 aeronaves, sendo dois planadores. A Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que pelo cronograma vai abocanhar a maior fatia dos recursos, já teria recebido R$7 milhões, enquanto ao Ministério da Defesa, que até o último minuto disputou o comando da segurança dos jogos com o Ministério da Justiça, foram destinados R$4,2 milhões. O restante dos recursos liberados foram para os Programas Especiais, compra de rádios de comunicação, armamento não letal, carros e cursos de capacitação de policiais e bombeiros.