Título: RESTAURAÇÃO DO PRÉDIO ORÇADA EM R$20 MILHÕES
Autor: Laura Antunes
Fonte: O Globo, 26/11/2006, Rio, p. 29

Desafio é manter, no telhado, a cor esverdeada atual

Enquanto a verba para a restauração, orçada em R$20 milhões, não chega, uma equipe de profissionais, que inclui técnicos da Coordenadoria de Programas de Pós-Graduação em Engenharia da UFRJ, se debruça sobre os teclados de computadores para finalizar o mapeamento da suntuosa cobertura em cobre do teatro, que, na verdade, tem mais três camadas (papel de alcatrão, madeira e metálica). Com imagens tridimensionais, a equipe estuda, por exemplo, as formas de recuperação dos ornamentos do telhado ou soluções para sanar infiltrações.

¿ As imagens tridimensionais permitem que tenhamos na tela a visão dos 300 ornatos em cobre de todos os ângulos e podemos encontrar as melhores soluções de restauro ¿ acrescenta a engenheira.

Lupas, lixas, computadores portáveis com braços mecânicos são alguns dos equipamentos de apoio para os técnicos poderem investigar os danos causados pelo tempo (e por pequenas obras mal executadas ao longo dos anos) à cúpula principal e às três menores. Um dos maiores desafios é, na nova restauração do telhado, manter a cor esverdeada atual ¿ o avermelhado das chapas de cobre deu lugar ao tom verde, devido à ação do tempo.

¿ A mudança de cor é uma reação química à ação do tempo, que deu ao telhado uma camada de pátina natural, esverdeada ¿ explica Marisa.

O mapeamento chegou também às paredes do prédio. As tubulações pluvial, esgoto e de água, além dos dutos de eletricidade, estão incluídos nas plantas computadorizadas. Para isso, foi preciso abrir alguns pequenos buracos nas paredes para acompanhar o trajeto das tubulações.

Teatro Municipal foi inspirado na Ópera de Paris

O prefeito Francisco Pereira Passos, engenheiro nomeado com plenos poderes pelo então presidente da República, Rodrigues Alves, era um entusiasta da obra de Eugene Haussmann, que entre 1863 e 1870, fez do centro de Paris um conjunto monumental. Passos quis, então, construir no Rio uma larga avenida que ligasse o porto ao obelisco construído à beira-mar. Em 15 de novembro de 1905, foi inaugurada então a Avenida Central, hoje a Rio Branco.

Por volta de 1910, todos os grandes prédios monumentais estavam prontos, entre eles, a Escola Nacional de Belas Artes, a Biblioteca Nacional, o Supremo Tribunal Federal (hoje Centro Cultural da Justiça Federal), o Teatro Municipal ¿ retrato do Ópera de Paris, projetado pelo filho de Passos e inaugurado em 14 de julho de 1909, em homenagem à Revolução Francesa ¿ e o Palácio Monroe, demolido em 1976.