Título: ADITIVOS EVITAM DESGASTE DE MOTOR
Autor: Ramona Ordoñez
Fonte: O Globo, 26/11/2006, Economia, p. 35

Especialistas criticam a cultura da troca desnecessária de óleo

Se apenas óleos minerais puros, ou básicos, são utilizados, perdem-se características como a multiviscosidade (capacidade do lubrificante de se adequar a diferentes temperaturas de funcionamento) e o poder de manter o motor limpo, essencial para modelos atuais. Além disso, compostos sem aditivos não resistem à oxidação e se deterioram antes mesmo da aplicação no motor.

Óleos básicos foram usados como lubrificantes automotivos até 1930. Eram equivalentes à classificação SA, definida pelo American Petroleum Institute (API). Eram tempos em que os motores tinham ajustes bem menos precisos e baixa potência específica. Com a evolução tecnológica, os engenheiros perceberam que a durabilidade desses lubrificantes era mínima, e na geração SB, lançada há mais de 70 anos, antioxidantes foram adicionados à composição. Hoje, a menor categoria encontrada em lojas confiáveis é a API SF, que surgiu em 1980 e foi superada pela SG nove anos depois. Portanto, indicada apenas para motores de duas décadas atrás ou quando seu uso é recomendado pelo fabricante do veículo.

¿ As principais funções do óleo são reduzir o atrito e dissipar o calor. Para tanto, sua viscosidade deve permitir que ele atinja todas as partes do motor, permanentemente. Adulterações ou falta de aditivação implicam perda dessas características e conseqüente desgaste das partes internas da máquina, que poderá fundir ¿ explica Carlos Henrique Ferreira, engenheiro e assessor técnico da Fiat Automóveis.

Para imaginar os efeitos dos compostos adulterados ou sem aditivos, basta dizer que, segundo os fabricantes de óleo, mesmo a mistura entre lubrificantes novos de diferentes especificações é nociva ao motor, reduz a vida útil do composto e leva à formação de resíduos. Com isso, pode surgir a temida borra, algo como uma graxa espessa que se acumula ao redor das partes móveis e gera aumento do consumo, perda de rendimento e quebras.

Outros sinais que podem indicar problemas são o aumento repentino de consumo do óleo e variações na temperatura normal de funcionamento do motor. Em casos extremos, surgirão ruídos. Se a luz do óleo acender no painel é preciso parar imediatamente, pois a pressão do sistema estará baixa e a lubrificação, comprometida.

Para os fabricantes de automóveis, o principal cuidado é seguir as orientações contidas no manual do proprietário.

¿ Muitas pessoas trocam o óleo baseadas no que diz o frentista. É preciso abandonar essa cultura e confiar mais no manual. Quem sabe o que é melhor para o carro é aquele que o produziu ¿ diz Reinaldo Nascimbeni, supervisor de Serviços Técnicos da Ford.