Título: AUTORIDADES SURPREENDEM COM CRÍTICAS AO REGIME
Autor: Gilberto Scofield Jr.
Fonte: O Globo, 26/11/2006, O Mundo, p. 45

Declarações contra autoritarismo ainda são isoladas, entretanto

PEQUIM. No último domingo, o vice-Procurador Geral da China, Wang Zhenchuan, causou espanto ao pedir, sem medo de censura, que a proteção dos direitos de suspeitos de crimes seja garantida nos interrogatórios feitos pelo governo de Pequim. A declaração foi uma discreta, porém surpreendente, condenação ao uso da tortura na China.

¿ Praticamente todo veredicto equivocado da Justiça nos últimos anos tem a ver com interrogatórios realizados de forma irregular ¿ disse Wang.

¿ É responsabilidade de todos o respeito e a proteção ao desenvolvimento dos direitos humanos ¿ afirmou Dong Yunhu, vice-presidente da Sociedade Chinesa para o Estudo dos Direitos Humanos.

Exposição compara China de 1911 ao país de agora

Pode ser. Mas este tipo de declaração ainda é uma atitude isolada e atípica para um governo autoritário como o de Pequim, onde dissidentes e descontentes são presos e isolados, na maioria das vezes sem direito a advogados. E onde a prática religiosa é permitida apenas se submetida à autoridade do partido. E onde manifestações individuais, inclusive a criação de blogs, são estritamente controladas.

A exposição fala dos progressos da China no campo do direito individual, comparando o país dos tempos do império (antes de 1911) com os anos pós-Revolução Comunista, destacando avanços no bem-estar social ¿ acesso a alimentação e moradia ¿ ou direitos específicos, como a participação de mulheres na política. (G.S.)