Título: MOINHO RECLAMA DE INFRA-ESTRUTURA PRECÁRIA
Autor: Mariza Louven
Fonte: O Globo, 27/11/2006, Economia, p. 16

Precisamos de portos, rodovias, ferrovias e juros bem mais baixos¿

O Moinho Cruzeiro do Sul, responsável pelo processamento de 10% de todo o trigo consumido no Brasil, trabalha a plena capacidade, mas aguarda o momento mais propício para iniciar investimentos na ampliação de sua capacidade de produção. A empresa processa em suas sete fábricas, uma delas no bairro de São Cristóvão, no Rio, um milhão de toneladas de trigo por ano. Apesar da pouca ociosidade, o plano de investimento prevê basicamente modernização do equipamento, que deve consumir cerca de US$50 milhões, mas que vai aumentar sua produção em cerca de 20%.

¿ Nenhum país cresce 5% ao ano por milagre. Não acredito nessa expansão nos próximos anos, porque, numa economia globalizada, para conseguir ganhar mercado é preciso tomar de alguém. Para isso, vamos precisar de portos, rodovias, ferrovias e juros bem mais baixos ¿ afirma Antenor Barros Leal, presidente do Moinho Cruzeiro do Sul, do grupo Predileto, dono também das indústrias Pena Branca.

As fábricas de São Luís e de Recife, no Nordeste, são as que trabalham com a capacidade mais no limite, porque nelas não houve investimentos nos últimos anos. Já a fábrica do Rio, que foi modernizada, passou a produzir mais. Barros Leal informa, porém, que a expansão pode ser limitada por gargalos existentes na área de infra-estrutura.

¿ São problemas que não dependem da gente, como a dragagem do Porto do Rio, ou o custo do frete. Gastamos US$15 para trazer trigo de Buenos Aires para o Rio. E US$30 só para transportá-lo da área de produção, no interior do Paraná, até o Porto de Paranaguá, no mesmo estado ¿ reclama Barros Leal. (Mariza Louven