Título: INSTITUTO PREVÊ CRESCIMENTO MENOR PARA CHINA A PARTIR DO ANO QUE VEM
Autor: Gilberto Scofield Jr.
Fonte: O Globo, 27/11/2006, Economia, p. 17

Estudo diz, porém, que a queda não será abrupta, e estima alta de 9,25%

PEQUIM. O Instituto de Pesquisas Econômicas da Universidade Popular da China ¿ uma das mais prestigiadas instituições acadêmicas do país ¿ divulgou ontem seu primeiro estudo de previsões macroeconômicas, em que decreta o fim do apogeu do crescimento econômico da China, mas sem o tom catastrófico de muitos analistas. Segundo o estudo do instituto, o nível de crescimento da economia chinesa vai cair dos 10,48% previstos para 2006 para 9,25% já a partir do ano que vem. Um ritmo menor, porém sem a queda abrupta com impactos profundos na economia mundial, como temem alguns economistas.

De acordo com reportagem do jornal estatal ¿Beijing News¿ sobre o estudo, a economia chinesa deve crescer 9,25% ao ano entre 2007 e 2010. O instituto afirma que a expansão no último trimestre deste ano será de 9,62%, contra 10,4% no terceiro trimestre e 11,3% no segundo, numa clara trajetória de desaceleração.

Governo tomou medidas para desaquecer economia

A razão da queda, diz Liu Yuanchun, um dos economistas responsáveis pelo estudo, é o conjunto de medidas adotadas pelo governo nos últimos meses com o objetivo de desacelerar setores com demanda aquecida demais. O pacote incluiu de mudanças na política cambial ¿ com a adoção de uma banda flutuante do câmbio em relação a uma cesta de moedas ¿ ao aumento dos juros. O adiamento de projetos de investimento estatal e controle de financiamentos a setores claramente pressionados, como construção civil e siderurgia, são outras medidas tomadas pelo governo.

¿ A médio e longo prazos, a economia chinesa estará encerrando seu período de altas taxas de crescimento, o que não significa que entraremos num período de estagnação ou de deflação ¿ disse Liu, acalmando os temores dos analistas asiáticos de que uma desaceleração abrupta na economia chinesa possa diminuir o crescimento da economia mundial.

Wu Xiaoling, vice-presidente do Banco Popular da China, o banco central do país, elogiou o estudo por sua qualidade.