Título: SEM RECURSOS, IBAMA ACUMULA DÍVIDAS
Autor: Evandro Éboli
Fonte: O Globo, 28/11/2006, O País, p. 4

Fornecedores cobram R$26,8 milhões; Light ameaça cortar luz da sede

BRASÍLIA. O Ibama passa por uma grave crise financeira que atinge a sede do órgão, em Brasília, e mais 52 unidades, como superintendências regionais, centros de pesquisa e administração de parques e florestas nacionais. No fim de setembro, a dívida do Ibama com fornecedores chegava a R$26,8 milhões.

A falta de recursos atinge, no Rio, o Parque Nacional da Serra dos Órgãos, o Parque Nacional de Itatiaia e o Parque Nacional da Tijuca. A dívida das três unidades totaliza R$443 mil. Os dirigentes do Ibama no Rio já pediram a liberação de recursos para pagar os débitos. Numa das mensagens enviadas, a chefe substituta do Ibama no Rio, Márcia Bezerra Costa, alerta que a Light comunicou que cortaria a luz por falta de pagamento: ¿Solicitamos liberação de recursos no valor de R$128.082,70 para liquidação de faturas de energia elétrica, referentes aos meses de janeiro a setembro, uma vez que foi comunicado pela Light o desligamento da energia, se o pagamento não for concretizado¿.

Em 27 de setembro, a coordenadora de Planejamento, Orçamentário e Controle do Ibama, Marta Emília Teixeira, enviou memorando à diretoria informando as dívidas de R$26,8 milhões e que era iminente o corte de serviços essenciais. O maior rombo é na sede em Brasília. O montante chega a R$12,7 milhões, quase metade do total. Todas as 26 superintendências do órgão estão no vermelho.

O coordenador de Administração e Finanças do Parque da Serra dos Órgãos, Euclydes Silva Júnior, descreve o quadro caótico. Em outubro, ele avisou ao Ibama que enfrentava greve dos funcionários de serviços de limpeza e conservação: ¿O Parque Nacional da Serra dos Órgãos, por motivos óbvios, ou seja, falta de limpeza e conservação, não oferecendo condições de segurança mínima para o visitante, permanecerá fechado¿.

A assessoria de imprensa do Ibama informou que o governo liberou, na sexta-feira, crédito suplementar de R$25 milhões e que o órgão deverá receber mais R$50 milhões.