Título: EM OUTUBRO, HOUVE DÉFICIT NAS ESTATAIS
Autor: Patricia Duarte e Henrique Gomes
Fonte: O Globo, 28/11/2006, Economia, p. 24

Pagamentos da Petrobras contribuíram para resultado negativo no mês

BRASÍLIA. Após oito meses de resultados positivos, as empresas estatais apresentaram déficit primário em outubro, de R$401 milhões, segundo dados divulgados ontem pelo Banco Central (BC). No ano, no entanto, elas acumulam superávit de R$14,640 bilhões, praticamente o mesmo resultado em igual período de 2005 (R$14,508 bilhões). O resultado do mês passado foi fortemente influenciado pelas estatais federais, que registraram perdas de R$715 milhões.

Um dos principais motivos para o fraco desempenho das empresas públicas federais foi o desembolso entre R$2 bilhões e R$2,5 bilhões que a Petrobras fez para o pagamento de Participação Especial (imposto federal) ¿ outras três parcelas saíram do caixa da empresa em janeiro, abril e julho.

De acordo com a empresa, nesses meses ocorre o ¿impacto correspondente na apuração do resultado primário da Petrobras¿. Esse imposto é calculado sobre a produção de petróleo do trimestre anterior, que tem sido crescente.

BC indica que meta para o ano não deve ser cumprida

Já para Altamir Lopes, chefe do Departamento Econômico do BC, o mau resultado provavelmente deveu-se a maiores investimentos feitos pelas companhias estatais, o que acaba afetando as contas.

Em 2006, até outubro, as empresas federais acumulam superávit de R$8,974 bilhões. Lopes indicou que dificilmente a meta do ano (R$17,7 bilhões, segundo o Tesouro) será cumprida. Isso mesmo que pudessem ser usados R$2,4 bilhões referentes a recebíveis de Itaipu que o BC, por questões metodológicas, exclui do cálculo.

¿ O número está um pouco distante da meta. É um longo caminho, mas não é impossível (cumpri-la). Não existe sazonalidade para as estatais, tudo depende de decisões de gestão ¿ ponderou Lopes.

A última vez que as estatais apresentaram déficit foi em janeiro, no total de R$2,885 bilhões, segundo o BC. Apenas as empresas federais tiveram saldo negativo de R$3,663 bilhões naquele mês, normalmente época de pagamento de dividendos ¿ sobretudo pela Petrobras, responsável por mais de 60% desta conta.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que os resultados das estatais variam e preferiu comemorar o superávit consolidado, que alcançou 4,34% do Produto Interno Bruto (PIB) no mês passado.

¿ (O resultado) desmente os que duvidavam da nossa capacidade de gerir responsavelmente as contas públicas.