Título: CABRAL: DOADORAS SÃO LIGADAS A ESTADO
Autor: Maria Lima e Alan Gripp
Fonte: O Globo, 29/11/2006, O País, p. 3

Empreiteiras e empresa de engenharia têm relação com projetos do governo

CORREÇÃO DA MATÉRIA: O advogado Mauro Fitchner Pereira tem um escritório de advocacia, e não de campanha, como noticiado ontem na página 4.

PUBLICADO EM 30.11.2006, PÁGINA 6

Eleito com apoio do governo Rosinha Garotinho, Sérgio Cabral (PMDB) recebeu doações de empresas que têm relação com a administração do estado. As duas empreiteiras que mais doaram ao governador eleito foram a OAS Construtora (R$800 mil) e a Carioca Engenharia (R$700 mil). As duas integram consórcios que venceram, em março de 2002, as licitações para os lotes I e II da Linha 3 do Metrô (Rio-Niterói-Guaxindiba). O início da obra é uma das principais promessas do governador eleito.

A MPE Montagens e Projetos Especiais, que doou R$100 mil à campanha peemedebista, integra o grupo MPE, parceiro da Secretaria estadual de Agricultura no projeto Frutificar.

A OAS e a Carioca Engenharia também doaram à campanha da adversária de Cabral no segundo turno, Denise Frossard (PPS). A Carioca Engenharia doou R$200 mil e a OAS, R$400 mil.

A campanha do governador eleito, de acordo com a prestação de contas divulgada ontem pelo Tribunal Superior Eleitoral, arrecadou R$9.740.389,18 e gastou R$9.734.780,48, nos quatro meses de campanha.

Ex-tesoureiro diz que doações foram dentro da lei

Ex-tesoureiro de Cabral e futuro secretário estadual de Gabinete Civil, Régis Fitchner afirma que seria impossível a qualquer candidato fazer campanha sem contar com recursos de empresas que têm contratos ou parcerias com o governo do estado. Ele diz que não há impedimento legal para a doação.

- Se só puder doar a empresa que não tiver relação com o estado, não é possível fazer campanha. Aí, só com financiamento publico - afirmou Fitchner.

Outro ramo de negócios demonstrou interesse na eleição de Cabral. Sete concessionárias de veículos fizeram doações à campanha peemedebista, em um total de R$209,8 mil. Em 2002, cerca de 10% dos recursos arrecadados para a campanha de Cabral ao Senado vieram das concessionárias. Na campanha eleitoral, o então candidato anunciou que reduziria o ICMS no setor.

Régis Fitchner afirma que os valores doados pelas concessionárias são pequenos. E que a maior parte dos registros se refere ao empréstimo de carros.

- São valores pequenos. É uma doação estimada, correspondente ao serviço prestado. Qualquer ilação sobre a relação entre as doações e a redução de ICMS chega a ofender o governador - disse Fitchner.

O pai do futuro secretário foi o maior doador como pessoa física. O advogado Mauro Fichtner Pereira tirou R$50 mil do próprio bolso para ajudar o então candidato do PMDB:

- Meu pai doou para a campanha espontaneamente. Graças a Deus ele tem condições para isso. Tem um dos maiores escritórios de campanha do Brasil - afirmou Régis Fitchner.

Frossard arrecadou quatro vezes menos que adversário

Candidata derrotada no segundo turno ao governo, a deputada federal Denise Frossard (PPS) arrecadou quatro vezes menos que o adversário: R$2.344.740,27. Ela gastou quase o mesmo valor: R$2.344.611,20. A própria deputada desembolsou R$1,7 mil para a campanha. Depois da OAS, o maior volume de doações à candidata foi da Associação Imobiliária Brasileira (R$375 mil).