Título: 'SERRA E AÉCIO SÃO MEUS AMIGOS, ANTES DE TUDO'
Autor: Cristane Jungblut
Fonte: O Globo, 29/11/2006, O País, p. 8

Lula diz que vai chamar governadores tucanos para conversar e afirma: 'O mandato da divergência acabou'

BRASÍLIA. Ao defender o chamado governo de coalizão e a adesão do PDT, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que o "mandato da divergência acabou" e que seu segundo governo será marcado pela convergência, "uma nova experiência" no país. Ele também avisou que manterá o diálogo com a oposição e, animado, chamou de "amigos" os tucanos Aécio Neves, governador reeleito de Minas Gerais, e José Serra, governador eleito de São Paulo.

Lula confirmou que chamará em breve os dois para conversar. Os encontros serão individuais e devem ocorrer até 15 de dezembro, embora o presidente tenha dito que ainda não há data certa.

- Este mandato acabou. O mandato da divergência acabou. Agora, a gente pode construir o mandato da convergência. E o PDT é uma peça fundamental. É uma experiência nova no Brasil governar com coalizão - disse Lula, em entrevista, depois de cerimônia no Palácio do Planalto dedicada às comunidades quilombolas.

'Vou chamar porque eles são meus amigos, antes de tudo'

Ao fim do evento, Lula retomou a entrevista para responder à pergunta sobre se iria se encontrar com os tucanos.

- Vou chamá-los (Serra e Aécio) para conversar porque eles são meus amigos, antes de tudo - disse Lula.

O ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, disse ao GLOBO que os encontros estão sendo negociados e que os dois tucanos terão atenção especial, porque são pré-candidatos à Presidência em 2010 e, por isso, têm compromisso com o futuro. Os entendimentos para o encontro já estão em andamento com os dois governadores eleitos.

O presidente Lula afirmou ainda que não discutiu cargos com o PDT e, sim, a participação do partido no chamado governo de coalizão. Esse tem sido o discurso do presidente sobre os encontros com todos os partidos aliados. Para Lula, as negociações com os partidos em torno do governo de coalizão estão avançando.

- Discutimos políticas públicas de crescimento, desenvolvimento da economia, geração de emprego. Fiquei feliz com a reunião, foi uma boa reunião. As pessoas estão se dando conta de que a tarefa de construir o Brasil não é de um partido político, não é uma pessoa, mas de um conjunto de pessoas, e envolve políticos, empresários, trabalhadores - avaliou o presidente.

'População soube diferenciar turbulência de jogo eleitoral'

De acordo com Lula, a diferença no segundo mandato é que a população mandou um recado na eleição e soube diferenciar "turbulência de jogo eleitoral":

- O Brasil é um país que tem uma cultura política democrática e, às vezes, conturbada. Mas o que ficou provado no processo eleitoral é que o povo conseguiu saber o que era turbulência de verdade, o que era encenação política, o que era jogo eleitoral. O povo deu uma lição de sabedoria política em todos nós. E temos que aprender (com) isso, com muito bom senso e muito bom humor - disse Lula.