Título: ESTADO GASTA MENOS COM PREVENÇÃO DA DENGUE
Autor: Elenilce Bottari
Fonte: O Globo, 29/11/2006, Rio, p. 15

Até novembro deste ano, investimentos foram 30% menores dos que os realizados em 2005

Apesar do alto índice de infestação pelo mosquito da dengue nos municípios do Rio e de Queimados, segundo pesquisa do Ministério da Saúde, o Governo do Estado gastou em vigilância epidemiológica até 27 de novembro deste ano 30% menos do que no ano passado. Levantamento feito pelo deputado Alessandro Molon, da Comissão de Direitos Humanos da Alerj, com base na Execução Orçamentária de 2006, revela que até 27 de novembro deste ano foram gastos R$10,779 milhões com vigilância epidemiológica. Até novembro de 2005, o estado gastara R$13,948 milhões.

Temendo o agravamento do problema e o risco de surto a partir do próximo verão, o deputado entra hoje com representação no Ministério Público estadual, pedindo que este intervenha para que o governo aumente imediatamente os investimentos no setor. Segundo Molon, a redução de gastos com a vigilância epidemiológica pode ter contribuído para os altos índices de infestação em bairros como Leme, Copacabana e Ipanema:

- A redução certamente contribuiu para o quadro que estamos vivendo hoje, assim como contribuirá para o agravamento da situação a partir de dezembro, com a chegada do verão. O governo precisa mudar imediatamente de comportamento. Ao mesmo tempo em que reduziu gastos com a prevenção da dengue, aumentou gastos com publicidade.

Estado nega que tenha reduzido investimentos

Já a Secretaria de Saúde do estado nega que tenha havido uma redução de investimentos. Segundo o coordenador do Programa de Combate à Dengue, Clodoaldo Novaes, muitos processos ainda estão sendo executados:

- Desconheço qualquer redução de custos. O ano ainda não acabou. Inclusive estamos comprando equipamento de proteção para 12 mil agentes que vão atuar nas áreas de infestação. Desde 2004 nós estamos repassando diretamente os recursos do Fundo do Ministério da Saúde para os fundos municipais. Para se ter uma idéia, o teto financeiro para o combate à dengue no Estado está em R$1,05 milhão, sendo que o estado repassa 70% desse valor para os municípios e ainda sobram R$350 mil por mês. O problema não é financeiro.

Segundo ele, alguns municípios têm uma dificuldade cultural para a prevenção da doença, mesmo assim, a situação está sob controle na maior parte das regiões. Ele lembrou que o maior problema está de fato no município do Rio, onde o Ministério da Saúde vai realizar no próximo dia 4 uma reunião com os representantes do estado e da prefeitura para organizar uma estratégia de combate. Segundo dados do Ministério da Saúde, o Rio é uma das 15 cidades brasileiras com risco de enfrentar um surto de dengue no verão, com uma média de 6,3 casas infestadas em cada cem domicílios.