Título: EMPRESÁRIOS PEDEM A LULA POR FURLAN
Autor: Patricia Duarte
Fonte: O Globo, 29/11/2006, Economia, p. 27

Presidente da CNI sugere, em solenidade, permanência do ministro no cargo

BRASÍLIA. O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto, pediu ontem à noite ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, diante de uma platéia repleta de empresários, políticos e ministros, que Luiz Fernando Furlan - ele mesmo presente à solenidade - permaneça à frente da pasta do Desenvolvimento no segundo mandato. O desejo dos grandes empresários brasileiros foi expresso de improviso, durante o discurso de posse de Monteiro, que também assume uma segunda gestão na CNI.

- Furlan é o ministro do presente. Tenho confiança de que será o ministro do futuro - afirmou Monteiro Neto, virando-se para o presidente, que apenas sorriu para o empresário e deputado federal.

Nos jantares organizados durante a campanha, os empresários brincavam com o presidente que "em time que está ganhando não se mexe". Mas esta é a primeira manifestação pública defendendo a permanência de Furlan. O ministro deve ficar no governo - mas houve especulações, nas duas semanas que sucederam a eleição, de que ele poderia ser substituído pelo empresário Jorge Gerdau.

Monteiro Neto alerta sobre risco fiscal

Mesmo com a presença de Lula à mesa dos convidados de honra, Monteiro Neto não poupou o presidente de ouvir um diagnóstico pouco animador sobre a realidade brasileira:

- Se o Brasil repetir o crescimento da renda per capita dos últimos anos, de 0,7% ao ano na última década, demorará cem anos para dobrar a sua renda e se igualar a Portugal.

Segundo ele, a questão fiscal é a prioridade do Brasil neste momento:

- A capacidade de o Brasil desenvolver essas agendas (para o crescimento sustentado) tem um obstáculo comum: a questão fiscal. Esta é a principal amarra que impede o Brasil de crescer a taxas maiores. Ligar a ignição do crescimento exige atacá-la frontalmente.

Monteiro Neto lembrou que é necessária a realização de reformas, como a tributária e a política. No entanto, elogiou a capacidade de Lula de encaminhar essas questões.

Os empresários presentes à solenidade afirmaram estar satisfeitos com as indicações de rumo da política econômica do novo mandato de Lula. O principal ponto elogiado é a iniciativa de redução da elevada carga tributária do país, mas cobra-se rigor na manutenção da estabilidade.

Para o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, apesar de as iniciativas anunciadas até agora serem pontuais e setorizadas, o importante é que a União demonstre trabalho na direção de aliviar o peso dos impostos.

Já o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, lembrou que a redução de impostos fará com que a produção industrial cresça, equilibrando a renúncia fiscal do governo.