Título: LEVANTAMENTO APONTA VALE DO RIO DOCE COMO MAIOR FINANCIADORA DAS ELEIÇÕES
Autor: Adauri Antunes, Ricardo Galhardo e Plinio Teodoro
Fonte: O Globo, 30/11/2006, O País, p. 3

Empresas do grupo injetaram R$25,7 milhões em diversas campanhas

BRASÍLIA. A Companhia Vale do Rio Doce, segunda maior mineradora do mundo, foi a maior financiadora das eleições de outubro, revela levantamento nas prestações de contas de todos os candidatos entregues ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) feito pelo GLOBO. Duas das maiores empresas do grupo ¿ a Caemi Mineradoras e a Minerações Brasileiras Reunidas (MRB) ¿ injetaram R$25,7 milhões nas campanhas para presidente, governadores, senadores e deputados. A empresa tem negócios em 14 estados.

Doações iguais para os principais candidatos

Segundo os dados divulgados pelo TSE, a Vale também foi a maior financiadora das eleições presidenciais. A empresa fez doações iguais para os dois principais candidatos: os comitês de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de Geraldo Alckmin (PSDB) receberam, cada um, R$3,5 milhões. A Caemi deu outros R$300 mil para o pedetista Cristovam Buarque. Heloísa Helena (PSOL) não aceitou contribuições de empresas. O restante das doações da gigante da mineração foi diluído por candidatos de todos os estados, das mais diversas orientações políticas.

O Grupo Gerdau, maior produtor de aço do continente americano, aparece em segundo lugar no ranking, tendo doado R$16,5 milhões. Lula recebeu da empresa R$3,1 milhões e Alckmin, R$3 milhões. As contribuições são pequenas perto do lucro registrado pela siderúrgica este ano: R$2,7 bilhões nos nove primeiros meses, 7% a mais do que em 2005 (R$2,515 bilhões).

O levantamento tomou como base as empresas que lideraram as doações para as eleições presidenciais, que respondem pelas maiores contribuições. A planilha completa de todos os doadores, que permite a realização de cálculos comparativos, ainda não foi disponibilizada pelo TSE.

No levantamento das grandes empresas, Vale e Gerdau são seguidas por representantes dos setores de construção, financeiro e de bebidas, que se revezam nas primeiras posições. O banco Itaú, segundo maior do país, atrás apenas do Bradesco, injetou o terceiro maior montante de recursos: R$14,7 milhões.

O Grupo Camargo Corrêa, quarto no ranking, com contribuições de R$12 milhões, destoa da maioria. O conglomerado, que atua em diversos ramos, como construção civil, calçados, cimento, têxtil e siderurgia, apostou todas as suas fichas na eleição de Lula, a quem doou R$3,5 milhões. Alckmin recebeu apenas R$400 mil.