Título: DEPUTADO ELEITO PELO PT PRESO DE NOVO EM MINAS
Autor: Marcos Guiotti e Rafael Gomes
Fonte: O Globo, 30/11/2006, O País, p. 14

Juvenil Alves foi detido com outros oito advogados, acusados de fraudes e sonegação fiscal

BELO HORIZONTE. Juvenil Alves, deputado federal eleito pelo PT em Minas Gerais, foi novamente preso ontem em Belo Horizonte, junto com outros oito advogados. Todos tinham sido detidos pela Polícia Federal na semana passada, na Operação Castelhana, e liberados na madrugada de terça-feira após o fim do prazo da prisão temporária. A PF acusa o grupo de fraudes, sonegação fiscal e blindagem de bens de empresários brasileiros, utilizando empresas no Uruguai e na Espanha abertas em nomes de laranjas.

Foram pouco mais de 24 horas em liberdade. Após informações da polícia, o Ministério Público Federal fez um novo pedido de prisão, desta vez preventiva. De acordo com delegado Jader Lucas, que preside o inquérito, foram descobertos indícios de que os advogados tentaram coagir testemunhas e co-autores, logo após ser soltos.

¿ De acordo com as nossas investigações, os laranjas estavam sendo coagidos a falar de uma mesma forma para polícia e justiça ¿ disse o delegado.

Juvenil Alves, que teve a maior votação pelo PT em Minas, corre o risco de não assumir a vaga de deputado. O Ministério Público Eleitoral ajuizou uma representação contra Juvenil tendo como base a lei eleitoral que estabelece que se forem comprovados captação ou gasto ilícito de recursos para fins eleitorais, a Justiça pode negar o diploma ao candidato ou cassá-lo se já houver sido outorgado. Juvenil Alves é apontado pela Polícia Federal e pela Receita Federal, como o chefe de uma quadrilha envolvida com fraudes, sonegação fiscal e evasão de divisas.

Seis empresários continuam em liberdade

Os seis empresários presos na primeira etapa da operação continuam em liberdade. Das nove pessoas presas novamente, sete estão na PF em Belo Horizonte e duas em São Paulo. Outras seis pessoas estão foragidas. Duas da capital Mineira e uma de São Paulo e outros três brasileiros que moram no Uruguai, mas possuem escritórios na capital paulista. Por isso, o delegado Jader Lucas, já pediu ajuda à Interpol para localizar os suspeitos. O policial afirma que não há possibilidade de acordo para eles se entregarem.

¿ Não fazemos qualquer tipo de negociação com pessoas que têm mandado de prisão expedido ¿ afirmou Jader Lucas. ¿ Conforme os depoimentos vão sendo colhidos, pode ser que haja mais pedidos de prisão, mas por enquanto não há nada mais previsto.

Juvenil Alves foi eleito com 110 mil votos na primeira vez que concorreu ao cargo de deputado federal. Ele declarou que gastou cerca de R$415 mil reais na campanha. Mas da metade deste volume, cerca de R$260 mil foram doados por empresas ou pessoas que estão sendo investigadas pela PF. Por isso, o deputado corre o risco de não assumir o cargo. Segundo o procurador da república Rodrigo Leite Prado, a documentação já foi requisitada pela Procuradoria eleitoral.

¿ Para ocorrer o impedimento da diplomação é preciso que haja ação específica da justiça eleitoral. As partes do inquérito que possam interessar à Procuradoria Eleitoral já foram enviadas e em breve deve haver novidades nesta questão ¿ disse o procurador.

O prejuízo para os cofres públicos com o esquema chegaria a R$1 bilhão.