Título: GOVERNO VAI TESTAR TERMELÉTRICAS A GÁS
Autor: Ramona Ordoñez
Fonte: O Globo, 30/11/2006, Economia, p. 36

BRASÍLIA. O governo vai ligar todas as usinas termelétricas movidas a gás natural em dezembro para verificar se o país pode contar com essa energia. A decisão de realizar um teste foi tomada ontem, durante reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), que durou quase quatro horas. A partir do resultado, o governo vai decidir com quais empreendimentos se pode efetivamente contar em caso de necessidade, e estabelecer o cenário de risco de desabastecimento para 2007.

O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Jerson Kelman, ao lado do ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, disse que a expectativa é que haja disponibilidade de gás maior do que a verificada nos últimos meses. No entanto, ele reconhece que o risco de déficit de energia vai subir por falta do combustível.

¿ É de conhecimento público que a retirada dessas térmicas (da lista das que podem ofertar energia quando solicitadas) faria o risco (de déficit de energia) subir, mas o CMSE chegou à conclusão de que, possivelmente agora em dezembro, haja mais gás do que foi observado em setembro e outubro, e por isso determinou que seja feito um teste ¿ disse Kelman.

Comitê não considerou cálculos da CCEE

A Aneel decidiu, na terça-feira, retirar do cálculo da energia disponível para abastecimento parte da geração das usinas termelétricas movidas a gás natural, fornecido pela Petrobras. O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) tentou usar as termelétricas a plena capacidade, e não conseguiu por falta do combustível. Pelos cálculos iniciais, em outubro, o problema reduziu a geração de energia em 2.888 megawatts/médios, o suficiente para abastecer 15,5 milhões de residências durante um ano.

O Comitê decidiu não considerar os cálculos da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), enviados à Aneel, de que o risco de déficit em 2007 nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, previsto para 6,95%, atingiria 16,75%.

¿ Ela fez uma avaliação sem levar em conta a profundidade do déficit e outras variáveis que observamos hoje ¿ afirmou Rondeau.