Título: PFL monta gabinete sombra contra governo
Autor: Adriana Vasconcelos
Fonte: O Globo, 01/12/2006, O País, p. 4

Cesar Maia quer mobilizar partido

BRASÍLIA. Na tentativa de liderar a oposição no segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o PFL decidiu ontem, em reunião da executiva nacional, adotar uma idéia do prefeito do Rio, Cesar Maia, e promete nomear uma espécie de ¿gabinete sombra¿ para se contrapor ao governo petista. A idéia de Cesar é que os representantes do partido nas comissões temáticas do Congresso se transformem naturalmente em ¿ministros¿ da oposição, não só analisando criticamente todos os projetos que sejam encaminhados ao Legislativo como se pronunciando a cada notícia ou tema relevante para o país.

¿ Os parlamentares nas comissões temáticas serão nossos ministros-sombra, a quem caberá não apenas fazer o que já fazem, que é analisar os projetos que tramitam nas duas Casas do Congresso, mas se comportar como ministros de oposição. Hoje (ontem), por exemplo, com o anúncio dos novos números do PIB, alguém da comissão de Economia tem de se posicionar sobre o assunto apontando as causas desse resultado pífio ¿ explicou Cesar.

Para o prefeito do Rio, o PFL tem de se mostrar como alternativa de poder através da mobilização de seus parlamentares. Cesar defende ainda a criação de um núcleo para projetar cenários futuros que orientem as ações do partido. ¿Se a projeção do governo Lula for de um desastre completo, devemos antecipar nossas ações e discursos como se já fosse um desastre. Os políticos no Brasil, com a perda de referenciais ideológicos, atuam apenas pragmaticamente, o que transforma a política num jogo de reações e críticas sobre o que já ocorreu ou está ocorrendo¿, salientou o prefeito, num documento apresentado ontem.

Na avaliação de Cesar, o PFL deveria também estabelecer prioridades que reforcem a sua tática, ¿que é a de trazer o jogo principal para o Senado, reforçá-lo e investir em propostas que dividam a base do governo ou que acuem o governo¿. Nessa linha, Cesar considera que o partido não deve se deixar influenciar pelas demandas dos governadores e por seus apelos de garantia da governabilidade. Posição que o PFL pode adotar já que, a partir de 2007, terá apenas um governador: o do Distrito Federal, José Roberto Arruda.