Título: Sem acordo para presidência da Câmara
Autor: Ilimar Franco
Fonte: O Globo, 01/12/2006, O País, p. 4

PT e PMDB querem cargo, Aldo deseja reeleição e oposição espera para agir

BRASÍLIA. O PT e o PMDB estão formando um governo de coalizão, mas na Câmara os dois partidos estão longe de um acordo nas eleições para a presidência da Casa. Os dois partidos querem o cargo, além de Aldo Rebelo (PCdoB), que deseja a reeleição. O PMDB usa o argumento regimental de que elegeu a maior bancada (89 deputados) e o PT alega que um único partido não deveria presidir as duas Casas. Enquanto os governistas brigam, crescendo o risco de uma nova confusão para o Planalto, a oposição espera para poder se posicionar.

A oposição quer um acordo, mas se a base do governo não se entender pode até lançar um candidato para tentar a sorte também na Câmara. No senado, o PFL já lançou José Agripino (RN) para concorrer com Renan Calheiros (PMDB-AL).

¿ Estamos esperando que o maior partido ou o maior bloco parlamentar indique o candidato. Estamos cobrando dos partidos governistas que eles definam um critério ¿ criticou o líder do PSDB, deputado Jutahy Magalhães Junior (BA).

O governo Lula, a exemplo do que ocorreu em 2005, quando Severino Cavalcanti (PP-PE) se elegeu, está dividido. Os articuladores políticos do governo têm dois candidatos: Aldo e o líder do governo, Arlindo Chinaglia (PT-SP). Na terça-feira, o nome de Chinaglia deve ser oficializado pela bancada do PT. No dia seguinte será a vez de o PMDB oficializar sua pretensão, deixando para a outra semana a escolha do candidato. Dois nomes são citados: os ex-líderes Eunício Oliveira (CE) e Geddel Vieira Lima (BA).

¿ O PMDB tem o direito de postular as presidências da Câmara e do Senado, elegeu as maiores bancadas. Cabe ao partido construir e viabilizar suas candidaturas ¿ afirmou o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

¿ Somos a maior bancada. É preciso que alguém nos diga porque a presidência não pode ser do PMDB ¿ disse Geddel.

Sem solução para a disputa na base do governo, o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, mudou o discurso do Planalto, afirmando que o Executivo não irá interferir no processo eleitoral. O ministro afirmou que o governo quer a união dos partidos aliados, mas que não fará nada para patrocinar ou retirar candidaturas:

¿ O governo não vai opinar, não vai solicitar a apresentação ou a retirada de candidaturas. O governo tem interesse que se forme uma maioria visível na base do governo para a eleição na presidência da Câmara.

TCU: líderes sugerem prévia para escolher indicado à vaga

Enquanto várias candidaturas são lançadas para a presidência da Câmara, os governistas tentam chegar a um acordo nas eleições para a vaga da Câmara no Tribunal de Contas da União (TCU). Ontem, os líderes governistas se reuniram para discutir um só indicado pela base. Eles propuseram aos candidatos governistas ¿ Paulo Delgado (PT-MG), Osmar Serraglio (PMDB-PR), Luiz Antonio Fleury (PTB-SP), Ademir Camilo (PDT-MG), e o candidato do PSB, José Antonio de Almeida ¿ que se submetam a uma prévia.

A votação está marcada para terça-feira. Concorrem ainda Aroldo Cedraz (PFL-BA), Gonzaga Mota (PSDB-CE) e o indicado por PSOL e PSC, o secretário-geral da Mesa, Mozart Vianna.