Título: Chefes de seita têm a prisão pedida
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Fonte: O Globo, 01/12/2006, O País, p. 13

Fundadores da Igreja Renascer em Cristo respondem a processo por estelionato

SÃO PAULO. Os fundadores da Igreja Apostólica Renascer em Cristo, Estevam Hernandes Filho e sua mulher, Sônia Haddad Moraes Hernandes, tiveram a prisão preventiva pedida ontem pelo Ministério Público de São Paulo. Os dois não compareceram a audiência do processo em que são denunciados por lavagem de dinheiro, estelionato e falsidade ideológica.

O juiz da 1º Vara de Justiça Criminal, Paulo Antônio Rossi, ainda não analisou o pedido de prisão, apresentado pelo Ministério Público no último dia 17. No processo, o juiz já determinou a quebra de sigilo bancário e o bloqueio de bens do casal Hernandes, mas os dados não foram divulgados porque o processo tramita em segredo de Justiça.

A assessoria da igreja evangélica informou que Estevam não compareceu à audiência porque estava com um problema nos olhos. Funcionários da seita enviaram à Justiça o atestado médico que supostamente comprova a versão do chefe. Mas não foi apresentada explicação para a ausência de Sônia na audiência.

O Ministério Público de São Paulo acusou o casal Hernandes e o bispo primaz da Igreja Renascer, Jorge Luiz Bruno, de falsidade ideológica. Eles são suspeitos de montar uma outra seita, chamada Internacional Renovação Evangélica, para tentar livrar a Igreja Renascer de processos.

Segundo a denúncia, a Internacional Renovação Evangélica, criada em 2004 por Bruno, não existe. No Rua Maria Carlota 879, na Zona Leste de São Paulo, endereço indicado na ata de fundação, funciona um templo da Renascer.

Uma reportagem publicada pelo jornal ¿Folha de S.Paulo¿ em outubro informou que um ex-funcionário da Renascer acusou o casal Hernandes de usar o dinheiro arrecadado entre os fiéis para pagar funcionários de suas empresas particulares. Com o dinheiro, as empresas do casal também compravam bens.

O Ministério Público designou para trabalhar no caso os promotores Arthur Lemos, Eder Segura, Roberto Porto e José Reinaldo Carneiro, do Grupo de Atuação de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco). Foram eles que fizeram o pedido de prisão preventiva. Como o processo está sob segredo de Justiça, os promotores não quiseram dar entrevista.