Título: Ministro reage a críticas do FMI
Autor: Cássia Almeida e Aguinaldo Novo
Fonte: O Globo, 01/12/2006, Economia, p. 31

Diretora do Fundo sugere nova Reforma da Previdência

BRASÍLIA. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, reagiu ontem ao receituário da diretora do Departamento Fiscal do Fundo Monetário Internacional (FMI), Teresa Ter-Minassian, segundo a qual o Brasil não alcançará o desenvolvimento sustentável sem fazer uma nova Reforma da Previdência. Ela ¿ que acompanhou quase todos os acordos feitos entre o Brasil e o Fundo na década passada ¿ sugeriu que o governo adote medidas como desvincular os benefícios da Previdência do salário mínimo, aumentar a idade mínima para aposentadoria, além de continuar atuando na melhoria da gestão.

¿ Temos de lembrar que o FMI já fez abundantes previsões erradas sobre o Brasil. Não seria a primeira vez ¿ disse o ministro, ao participar do II Seminário Internacional de Finanças Públicas, que comemorou 20 anos de criação da Secretaria do Tesouro Nacional.

Mantega e o presidente Lula têm resistido à realização de uma nova reforma, alegando que só medidas de gestão são suficientes no momento. Ao ser perguntado se estas não seriam paliativos, Mantega rebateu:

¿ O governo não costuma fazer paliativos, costuma enfrentar problemas e resolvê-los. Mas não se pode resumir as condições do crescimento sustentado apenas a uma das questões que estão colocadas. São muito mais fatores que determinarão ou não o crescimento sustentado do país. O governo tem preocupação em relação à Previdência, assim como tem em relação a outros gastos.

Para o secretário de Previdência Social, Helmut Schwarzer, a realização de nova Reforma da Previdência não é nenhuma ¿sangria desatada¿. Seu déficit, disse, deve ficar relativamente estável ¿ em 2% do PIB ¿ nos próximos anos. Segundo ele, este ano o resultado negativo deve ser de R$42,2 bilhões, atingindo R$51 bilhões em 2009. (Martha Beck)