Título: Efeito estatístico ajudará em 2007
Autor: Cássia Almeida e Aguinaldo Novo
Fonte: O Globo, 01/12/2006, Economia, p. 31

Mantido o atual nível de atividade, economia poderá crescer perto de 4%

Mesmo mantendo o atual ritmo de crescimento econômico, o PIB brasileiro terá um desempenho significativamente maior em 2007, por uma questão meramente estatística, o chamado carry over. O economista Caio Prates, do Grupo de Conjuntura da UFRJ, explica que o PIB é calculado com base na média do desempenho da economia ao longo do ano.

Os primeiros meses de 2006 tiveram um nível de atividade muito próximo ao da média de 2005. A economia foi ganhando vigor aos poucos. Na média do ano, portanto, a estatística jogou contra o resultado do PIB em 2006. Mas o Brasil chegará ao fim deste ano crescendo a um ritmo de cerca de 4% maior do que no último trimestre de 2005 ¿ a chamada expansão ponta a ponta, no jargão dos economistas.

Bastará, portanto, manter esse ritmo ao longo de 2007 para ter um crescimento significativamente maior. A UFRJ projeta uma expansão de 3,8% para o ano que vem:

¿ Não é que a economia vá se acelerar, mas apenas será mantido o ritmo médio de crescimento ¿ afirma Prates.

O quarto trimestre de 2006 será mais vigoroso do que a média do ano, prevê o economista, porque a demanda está aquecida. As vendas no comércio estão crescendo e as encomendas do varejo para a indústria têm superado as expectativas das fábricas.

O economista Alexandre Bassoli, do HSBC, lembra que os números do PIB mostram que o consumo tem crescido a um ritmo mais forte do que a produção, o que indica que pode estar havendo uma redução nos estoques da indústria. Bassoli prevê uma expansão do PIB de 1,3% nos três últimos meses do ano, em comparação ao terceiro trimestre, já com ajuste sazonal. Já o analista Arthur Carvalho, da corretora Ativa, prevê uma alta entre 1,2% e 1,5% no último trimestre.

Para o ano que vem, as estimativas mais pessimistas são de um PIB de 3%, mas a maioria dos analistas prevê uma taxa entre 3,5% e 4%.