Título: Poder feminino cresce na política francesa
Autor: Deborah Berlinck
Fonte: O Globo, 01/12/2006, O Mundo, p. 40

Ministra da Defesa deve disputar com Sarkozy candidatura da direita à Presidência

PARIS. O fenômeno de mulheres tentando chegar ao poder na França não parou com a eleição de Ségolène Royal como candidata do Partido Socialista às eleições presidenciais de maio 2007. Uma outra mulher poderá anunciar nos próximos dias sua candidatura: Michèle Alliot-Marie, ministra da Defesa e membro do UMP, o partido de direita no poder. Segundo o jornal ¿Le Figaro¿, a decisão está tomada e ela deverá anunciar dentro de 15 dias.

¿ Ela está se direcionando para uma candidatura ¿ afirmou o deputado Patrick Ollier, companheiro da ministra.

Ao todo, seis mulheres anunciaram ser candidatas à Presidência. Mas a maioria não tem peso político suficiente. É o caso de Dominique Voynet, do Partido Verde. Outras são inteiramente desconhecidas, a exemplo de Leila Bouachera, uma advogada de 45 anos, sem partido. A ministra da Defesa quer ser o contraponto da direita ao fenômeno da socialista Ségolène Royal, que é a única mulher hoje com chances reais de se tornar presidente da França.

Ministra da Defesa não tem o carisma de Ségolène

Alliot-Marie estaria se sentindo estimulada com o aparente vento favorável a mulheres, fruto de um desgaste junto à opinião pública da classe política tradicionalmente machista. As sondagens mostram que um dos fatores que contribuíram para a eleição de Ségolène Royal no PS foi o fato de ela ser mulher. O problema é que a Ministra da Defesa não tem nem de longe o carisma ou a popularidade de Ségolène. Além disso, vai disputar a candidatura do UMP com Nicolas Sarkozy. Ele não apenas é o presidente do partido e ministro do Interior, como é o político de direita mais popular da França.

Frente de mulheres pró-Sarkozy

Sarkozy anunciou oficialmente ontem sua candidatura, numa entrevista publicada na imprensa regional, o que não causou qualquer surpresa, já que ele nunca escondeu suas ambições presidenciais. Ontem mesmo, 29 mulheres parlamentares do UMP anunciaram a criação de uma frente feminina de apoio ao ministro Sarkozy. Elas acusam Ségolène Royal, a candidata socialista, de estar explorando a causa das mulheres. Sarkozy, segundo a última sondagem, perdeu dois pontos na opinião pública, enquanto Ségolène ganhou seis.

Os candidatos do UMP têm prazo até 31 para se inscreverem na disputa interna. Além de Sarkozy e Alliot-Marie, espera-se que o primeiro-ministro Dominique de Villepin também entre na disputa. Os mais de 300 mil militantes do UMP serão convidados a eleger o candidato a partir de janeiro, pela internet.

O UMP resolveu encorajar candidaturas internas e vai organizar três debates. Estão fazendo exatamente como os socialistas. O próprio Sarkozy convidou na semana passada Dominique de Villepin e o ministro da Coesão Social, Jean-Louis Borloo, a entrarem na competição interna. Os dois se recusaram. Os partidários de Sarkozy, confiantes na sua popularidade, querem que outros entrem na corrida.