Título: Virgílio: defesa da herança bendita de FH
Autor: Adriana Vasconcelos
Fonte: O Globo, 03/12/2006, O País, p. 10

PFL agora aposta na presidência do Senado para ganhar espaço

BRASÍLIA. A falta de consenso sobre a melhor estratégia a ser seguida pelos tucanos neste segundo governo petista provocou um bate-boca na última semana entre o presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), e o líder da bancada na Câmara, Jutahy Magalhães (BA). O desentendimento ocorreu durante a primeira reunião da executiva nacional do partido, quando Tasso tentou aprovar uma resolução que proibiria o PSDB baiano de aceitar qualquer convite para participar do governo do petista Jaques Wagner.

Para o líder da bancada tucana no Senado, Arthur Virgílio (AM), é natural que a oposição ainda não tenha acertado o tom. Mas ele reconhece que seu partido, para voltar ao poder, terá de fazer mais do que fez em 2002 e este ano.

¿ Temos sim que rediscutir nosso programa partidário e ver o que está caduco. A nossa linguagem é que vai levar o partido de volta ao poder. Precisamos fazer mais do que fizemos em 2002 e 2006, defendendo a herança bendita deixada por Fernando Henrique, seja para ganhar ou perder a eleição com ela. Esse Lula que tanto gosta de falar nos aviões exportados pela Embraer não teria nada a comemorar se a Embraer não tivesse sido privatizada ¿ disse Virgílio. ¿ E o Stédile (João Pedro Stédile, um dos coordenadores do MST) não poderia marcar invasões pelo seu celular. Ele ainda estaria organizando as ações do MST pelo orelhão. Não vejo razão para nos desesperarmos.

PFL não consegue rebatizar instituto do partido

Já o PFL vive uma situação mais delicada, diante do seu fracasso nas eleições estaduais, e vislumbra na disputa pela presidência do Senado sua chance de reconquistar pelo menos parte do prestígio perdido ao longo dos seus primeiros quatro anos na oposição. No mínimo, farão muito barulho.

¿ A oposição deve ter como prioridade a disputa por mais espaços dentro do Congresso para mostrar que está viva e presente. Nossas chances maiores hoje são no Senado, onde o PFL deu os primeiros passos para tentar construir uma candidatura competitiva ¿ confirma o senador Agripino Maia (RN), cujo nome foi lançado para a disputa pelo comando do Senado.

Em meio à ressaca eleitoral, os pefelistas ainda administram um problema no mínimo prosaico: estão em busca de um novo nome para o Instituto Tancredo Neves (ITV), o braço intelectual, cultural e produtivo do partido. Como precisam, por força da legislação, transformá-lo em fundação, não poderão usar o nome do ex-presidente mineiro, porque já existe uma fundação da família com este nome. Chegaram a pensar em batizá-lo de Fundação Luiz Eduardo Magalhães, que também já existe. Estão agora aceitando sugestões pela internet.