Título: Críticos cobram nova política para país crescer
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Fonte: O Globo, 03/12/2006, O País, p. 11

Partidos aprovam documentos com pedidos de mudança

BRASÍLIA. As críticas ao crescimento inferior a 3% do PIB previsto para este ano, feitas esta semana pelo ex-ministro Ciro Gomes, revelam que a economia continuará sendo o calo do segundo mandato do presidente Lula. E conta com uma legião de críticos. O presidente reelegeu-se prometendo crescimento de 5% e está sendo pressionado por petistas e aliados por mudanças na política econômica.

A estabilidade e o equilíbrio fiscal ainda não estão em jogo. Mas a hostilidade à permanência do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e o isolamento do ex-ministro da Fazenda e deputado eleito Antonio Palocci (PT-SP) mostram o quanto a política econômica é incompreendida pelos partidos que apoiaram a reeleição.

O presidente Lula que, no primeiro mandato prometeu o espetáculo do crescimento, agora cobra ousadia do ministro da Fazenda, Guido Mantega. O principal aliado, o PMDB, também pressiona por crescimento.

¿ O PMDB deve participar de um governo de coalizão porque sempre lutou pelo crescimento e o presidente Lula tem uma meta de crescer 5% ¿ disse o presidente do partido em São Paulo, Orestes Quércia, na reunião do Conselho Político.

Pressão é por aumento dos gastos em investimentos

A promessa de crescimento também está presente na resolução da reunião do Diretório Nacional do PT, aprovada dia 26 de novembro, que afirma: ¿Aprofundar o crescimento sustentável de nossa economia, que nos permita atingir altas taxas de crescimento, com inclusão social, emprego, distribuição de renda e expansão das políticas sociais, particularmente no âmbito da educação¿.

O mais tradicional aliado do PT, o PCdoB, também cobra mudanças na política econômica. Na reunião da direção nacional, aprovou documento em que defende a construção do novo projeto nacional e avalia que no segundo mandato são mais fortes as convicções mudancistas.

Com tanta expectativa, se a economia real demorar a crescer num ritmo mais acelerado, os aliados voltarão a pressionar Lula para ampliar os gastos e os investimentos públicos. A folga a Lula será apenas de alguns meses, no início de 2007.

O presidente poderá ter que administrar outros focos de potencial tensão na base: o PTB e o PP. Determinado a afastar do segundo mandato personagens ligadas ao escândalo do mensalão, Lula não pretende se reunir com o presidente do PTB, Roberto Jefferson, mas quer o apoio da bancada trabalhista ¿ o que gera cobranças de lado a lado.

No PP um grupo de dirigentes tenta convocar uma convenção em 12 de dezembro para substituir o atual presidente, Pedro Corrêa, que foi cassado por seu envolvimento no escândalo do mensalão. É mais divergência e fogo amigo à vista.