Título: Aos vencedores, a doação segura: R$88 milhões
Autor: Alan Gripp e Maria Lima
Fonte: O Globo, 03/12/2006, O País, p. 13

Total investido após a divulgação do resultado da votação de outubro corresponde a 16% do total da arrecadação

BRASÍLIA. O jogo já estava decidido quando os vencedores das eleições deste ano receberam pelo menos R$88 milhões em doações feitas, principalmente, por grandes empresas. O total investido após a divulgação do resultado das urnas corresponde a 16% de tudo o que conseguiram arrecadar os candidatos eleitos para presidente, senador e deputados federal, estadual e distrital, aponta levantamento feito pelo GLOBO nas prestações de conta entregues por eles à Justiça Eleitoral. Entre as companhias que atenderam aos pedidos de socorro dos candidatos endividados, não por acaso, muitas têm contratos com os governos estaduais e federal.

Embora não sejam consideradas ilegais, as doações feitas após as eleições dividem analistas políticos e especialistas em direito eleitoral. Enquanto alguns não vêem conflito ético nas contribuições e dizem ser permitidas em diversos países, outros acreditam que a permissão estimula o toma-lá-dá-cá entre governos e empresas de olho nos recursos públicos. Poucos empresários procurados pelo GLOBO aceitaram falar sobre as doações. Para a grande maioria, o assunto é proibido publicamente.

Para Alckmin, R$2 milhões após a derrota

A lista das doações pós-eleição começa com o presidente reeleito Luiz Inácio Lula da Silva, que recebeu quase R$20 milhões depois do segundo turno, no dia 29 de outubro. Pouco mais de R$16 milhões foram repassados por grandes empresas, sendo R$14,3 milhões de companhias que têm algum tipo de contrato com o governo. O candidato derrotado, Geraldo Alckmin, não contou com a mesma generosidade: recebeu apenas R$2 milhões após a divulgação do resultado.