Título: Com Bolsa Família, governo chinês quer erradicar a pobreza até 2010
Autor: Gilberto Scofield Jr.
Fonte: O Globo, 03/12/2006, Economia, p. 58

Pacote de US$5 bilhões dará assistência a 23,6 milhões de pessoas

PEQUIM. Até 2010, o governo da China quer praticamente acabar com a pobreza absoluta no país, um conceito que engloba as famílias que vivem com uma renda anual inferior a 668 yuans (US$85) e que, hoje, somam 23,6 milhões de pessoas. Para isso, o Escritório de Combate à Pobreza e Desenvolvimento (ECPD) do Conselho de Estado anunciou um pacote de US$5 bilhões que pretende atacar o problema em várias frentes: treinamento dos agricultores que perdem terras para empreendimentos imobiliários, obras de saneamento e infra-estrutura nas áreas mais pobres, educação gratuita ou subsidiada, além da ampliação da rede de previdência e saúde, incluindo assistência financeira aos muito pobres.

Liu Fuhe, diretor-geral do Departamento de Política e Regulamentação do ECPD, no entanto, nega que este auxílio financeiro às famílias que vivem na miséria seja uma espécie de Bolsa Família, apesar de, nos últimos anos, duas ou três missões de técnicos terem visitado o Brasil para trocar experiências em combate à pobreza. Pode ser. Mas a ajuda financeira bem poderia ser chamada de Bolsa Família com características chinesas, até pela sua amplitude.

A pensão ¿ conhecida como subsídio mínimo para sobrevivência ¿ nasceu de um programa experimental em 1993, em Xangai, e é paga regularmente em 18 províncias a 22,4 milhões de chineses. Deverá alcançar todas as províncias (148 mil pequenos municípios) até 2010, conforme anunciado. Além das famílias miseráveis, recebem a pensão idosos sem filhos ou doentes, deficientes e famílias que perdem casa ou emprego em desastres naturais.

¿ Na China, até os miseráveis têm o que comer, já que a maioria está no campo e o país fez a reforma agrária ¿ diz Liu.