Título: Faturamento até 50% maior
Autor: Ronaldo D'Ercole, Lino Rodrigues e Heliana Frazão
Fonte: O Globo, 04/12/2006, Economia, p. 15

Comércio regional ganha importância no país

SALVADOR e SÃO PAULO. Marcas tradicionais do varejo local ganharam porte nacional com a onda consumista que tomou o Nordeste. Fundada na Bahia, há 47 anos, a Insinuante viu o faturamento crescer entre 40% e 50% nos últimos anos, puxado pela abertura de 30, 40 novas lojas a cada 12 meses. A empresa deve encerrar o ano com cerca de 250 lojas e faturamento de R$2 bilhões, o que lhe garantiria a quarta posição entre as redes varejistas especializadas em móveis e eletroeletrônicos no país.

Sua maior rival na região é a Lojas Maia, que tem 110 lojas, sede na Bahia e também quase cinco décadas no mercado local. A rede cresceu em média 30% ao ano nos últimos cinco anos, ritmo que, segundo o diretor Financeiro, Marcelo Maia, deveu-se principalmente ao cartão de crédito lançado em parceria com o Banco do Brasil.

Ao duelo antes restrito às varejistas baianas, juntou-se a rede mineira Ricardo Eletro, que há dois anos comprou 18 lojas do grupo Romelsa. Hoje já tem 46 lojas na Bahia, o que fez a Lojas Maia cair para a terceira posição no estado. De acordo com João Henrique Brito, publicitário da Lojas Maia, a rede mantém-se no segundo lugar do varejo de eletroeletrônicos em toda a região, à exceção da Bahia.

O diretor Comercial da Insinuante, Rodolfo França, diz que a rede é um concorrente a mais, como Extra e Wal-Mart, supermercados com forte atuação no mercado local de eletroeletrônicos.

¿ Sempre concorremos com muitas redes varejistas na Bahia, o Ricardo é só mais uma, embora seja bastante agressivo ¿ diz França, que aponta o salário mínimo como o principal motor da expansão atual da demanda.

Sérgio Sales, economista da MB Associados, entretanto, adverte que a onda de expansão de demanda no Nordeste não é sustentável. O salário mínimo, por exemplo, que teve reajuste de 20% nos últimos dois anos, não deve ter aumento maior que 2% em 2007.

¿ O aumento de renda na região veio basicamente de estímulos do governo. Mas com as restrições fiscais atuais, isso não deve se repetir. O atual patamar de consumo regional não deve cair, mas também não vai crescer na mesma proporção. (Heliana Frazão e Ronaldo D¿Ercole)