Título: Câmara: base não se entende e PT lança Chinaglia
Autor: Franco, Ilimar , Lima, Maria e Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 06/12/2006, O País, p. 12

Candidatura enfrenta resistências da bancada e não tem aprovação de Lula, que cobrou unidade dos aliados

BRASÍLIA. À revelia dos aliados, o PT lançou ontem a candidatura do líder do governo, Arlindo Chinaglia (PT-SP), à presidência da Câmara. Hoje será a vez de a bancada do PMDB, a maior da Casa, anunciar que também terá candidato ao cargo. A candidatura petista foi lançada com o aval da executiva do partido, mas enfrenta resistências na própria bancada, da oposição e não tem a aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Apesar das adversidades, os petistas esperam impor sua candidatura aos aliados negociando a ocupação de cargos federais nos estados e postos no ministério do segundo mandato. Ontem à noite, Lula, em entrevista, cobrou unidade da base aliada na disputa. Disse que é legítimo que o PT e outros partidos apresentem candidatos, mas que espera que todos tenham maturidade para chegar a um candidato único:

¿ Pode haver vários candidatos até determinado momento. Depois, as pessoas precisam perceber que, se do nosso lado nos dividirmos, do lado de lá eles podem se unificar. É importante que todo candidato da base se submeta à base.

Lula disse esperar que seu partido procure, de fato, o acordo na base:

¿ A informação que tive do presidente do partido é que o PT, como outros partidos, vai lançar o candidato do e vai trabalhar junto com os outros partidos para ver se conseguimos ter uma candidatura única para a Câmara.

Mas ressalvou:

¿ Acontece que cada deputado sabe a regra do jogo, o que acontece quando a gente se divide. Digo sempre uma frase que doutor Ulysses Guimarães sempre me dizia: não adianta pensar que tem deputado ingênuo ou inocente. Digo sempre que os ingênuos ficaram de suplente.

Em conversa com aliados, Lula queixou-se que Chinaglia não o consultara sobre a candidatura e que havia determinado ao ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, que o procurasse. A decisão petista provocou reação imediata dos partidos de oposição:

¿ Se não vai ser o candidato da maior bancada (PMDB), pelo menos tinha que ser um candidato que tivesse o apoio de toda a base. Chinaglia não chega com esse apoio e não dá tempo de construir essa unidade. Vai dividir tudo e dar a vitória a outro nome ¿ disse o líder do PFL, Rodrigo Maia (RJ).

Garcia: ¿Candidato para uma construção política¿

O presidente do PT, Marco Aurélio Garcia, diz que a intenção do PT é unir a base aliada:

¿ Teremos um candidato para realizar uma construção política e não um confronto. Este nome não é para dar uma passeada na pista e cumprimentar a platéia. É um nome para valer.

Na reunião da bancada do PT, ficou claro que há um grupo que enxerga no episódio mais uma articulação do grupo paulista, atropelando o PMDB e dividindo a base. Nesse grupo estão os deputados Sigmaringa Seixas (DF), Paulo Rubem Santiago (PE) e Walter Pinheiro (BA), que afirmaram que o lançamento da candidatura é uma estratégia precipitada e arriscada.