Título: Gastos dependerão de PIB e inflação
Autor: Beck, Martha e Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 06/12/2006, Economia, p. 31

Mantega diz que despesas por setor ficarão abaixo da expansão da economia

BRASÍLIA e SÃO PAULO. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem que o plano fiscal em estudo pela equipe econômica prevê regras que limitem de forma diferenciada os aumentos das despesas públicas a longo prazo. Com isso, haverá uma fórmula para a Previdência Social e outra para o funcionalismo público, por exemplo. Mantega explicou que o teto dos aumentos será o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto das riquezas produzidas no país), mas o reajuste previsto será real, ou seja, vai considerar a inflação.

¿ Tal gasto vai subir a inflação mais X, enquanto outro será a inflação mais Y. Estamos falando de reajuste real porque ninguém está querendo espoliar nenhum segmento ¿ disse Mantega.

Inicialmente a idéia do governo era estabelecer uma regra geral, definindo um redutor para as despesas correntes. Mas, segundo Mantega, a proposta esbarrou na realidade diferenciada de cada segmento:

¿ Uma coisa é Previdência, outra é pessoal, outra é Saúde. Mas o importante é que o crescimento das despesas fique abaixo do PIB, de modo a diminuir a relação entre gasto corrente e o PIB e criar espaço para investimentos. Sem investimentos, não teremos o crescimento que o presidente Lula quer.

Lula reconheceu ontem, ao discursar na reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), que há inúmeros entraves para se investir no Brasil. O presidente também afirmou que o novo pacote econômico não resultará em nenhuma ¿atitude irresponsável¿ ou desatino. O presidente disse aos conselheiros, muitos empresários, que é preciso dar garantias, principalmente jurídicas, para que eles se sintam seguros para investir no Brasil.

¿ Toda vez que a gente convence alguém a fazer um investimento, precisamos dar garantias. Até parece castigo fazer investimento nesse país. E estamos convencidos de que temos que mudar ¿ disse Lula.

Segundo Mantega, a idéia é elevar os investimentos no Brasil de 21% do PIB em 2006 para 25% nos próximos quatro anos.

Tesouro: Congresso pode discutir corte de gasto

Em São Paulo, o secretário do Tesouro Nacional, Carlos Kawall, disse que há espaço no Congresso para negociar a inclusão de cortes de gastos no pacote costurado pela Fazenda. Para Kawall, o controle da despesa com funcionários é ¿parte importante desse ajuste¿.

¿ Não deveríamos ser tão céticos de achar que, no Congresso, não se possa discutir medidas de contenção no gasto corrente ¿ disse, após seminário na Federação Brasileira dos Bancos (Febraban). ¿ O que há é a briga de cada um por sua fatia no bolo.