Título: Controladores: riscos na posse de Lula
Autor: Alvarez, Regina e Batista, Henrique Gomes
Fonte: O Globo, 08/12/2006, Economia, p. 37

Profissionais temem congestionamento aéreo em Brasília no dia 1º de janeiro

BRASÍLIA. As poucas iniciativas do governo na direção de resolver os problemas dos controladores de vôo não surtiram qualquer efeito no Cindacta-1, na capital, o maior centro de controle de tráfego aéreo do país. Os profissionais já apontam inclusive a data do primeiro apagão aéreo de 2007: 1º de janeiro, dia da posse presidencial.

Na avaliação de controladores, mantido o controle máximo de 14 aeronaves por vez, o trânsito concentrado de aviões de chefes de Estado e chanceleres que virão para a cerimônia, num mesmo período, levará ao represamento da aviação comercial.

¿ Não dá para imaginar que você vai levantar um avião da companhia "x" e vai deixar o presidente de outra nação sem entrar no espaço aéreo. Como é que você diz isso para a população? ¿ resume um controlador.

Se não houver um plano B, o congestionamento é certo. O dia da posse, a julgar pelas anteriores, seria pior até que o Natal e o Ano Novo. Isso porque, nas festas, o tráfego é intenso mas diluído em vários dias.

¿ Nada mudou nestes 60 dias, por enquanto só aumentou o volume de trabalho ¿ afirmou ao GLOBO um controlador de vôo.

A carga horária dos profissionais do Cindacta-1 passou de 144 para 156 horas de trabalho nos últimos 60 dias. Com isso, o período de descanso foi encurtado e folgas foram cassadas. E a renda familiar dos controladores encurtou, pois bicos e empregos paralelos tiveram de ser abandonados. Além disso, todas as férias programadas para dezembro foram suspensas.

Já o edital de contratação de novos profissionais prevê salário inicial de R$3.150 ¿ salário de supervisor com 20 anos de estrada ¿ contra R$1.500 hoje. E, atualmente, o trabalhador recebe o piso por dois anos com esse salário, período no qual faz curso e pega experiência. Este tempo será, para os novos concursados, de oito meses.

¿ E essa questão de falha técnica e suspeita de sabotagem só aumentou o clima de estresse e insatisfação, que já estava alto ¿ diz outro profissional.