Título: Briga de dois amigos acaba graças a acordo
Autor: Éboli, Evandro e Braga, Isabel
Fonte: O Globo, 09/12/2006, O País, p. 8

Pendências judiciais são resolvidas ao longo do dia, mas alguns casos ficam sem solução

BRASÍLIA e RIO. O mutirão promovido pela Justiça pôs fim a uma briga dos amigos Antônio José Resende e Luciano Neves, de Brasília. Antônio havia emprestado R$5.500 a Luciano, que não tinha como saldar a dívida. Antônio deixou a amizade de lado e recorreu à Justiça para recuperar o dinheiro. O caso deles foi resolvido ontem no Dia Nacional da Conciliação.

Luciano entregou a Antônio bens de sua propriedade para se ver livre da ação. Para quitar a dívida, deu um aparelho de som, avaliado em R$1,6 mil; um DVD, estimado em R$300; e também uma moto Suzuki, que custa R$3,5 mil. Foi a forma encontrada para resolver o problema dos dois desempregados.

¿ A amizade ficou meio abalada com isso tudo ¿ disse Antônio.

Em julho, Walisson dos Reis Pereira viajou de ônibus de Brasília a Unaí, em Minas Gerais. Ao descer no ponto, antes da rodoviária, o ônibus arrancou e levou no bagageiro suas duas malas e uma caixa. Indignado, o rapaz processou a empresa. Por danos morais e materiais, ele queria receber R$6,9 mil. A conciliadora conseguiu resolver o problema. O gerente de operações da empresa, José dos Santos, alegou que o pedido de Walisson era desproporcional, muito acima do prejuízo causado pela empresa. Walisson aceitou receber R$1.250.

¿ Aceitei porque o processo ia demorar muito. A audiência estava marcada só para 9 de abril do ano que vem. Foi melhor assim ¿ disse Walisson.

Nem todos os casos tiveram final feliz. O comerciante Ronivon Oliveira Tavares sofreu um prejuízo de R$14 mil em aluguéis atrasados que não conseguiu receber.

¿ Infelizmente não teve jeito. Vamos ter que brigar nos tribunais mesmo ¿ disse Ronivon.

No Rio, entre as centenas de pessoas que procuram ontem os órgãos de Justiça do estado estavam Rose Carneiro de Araújo, de 42 anos, e sua advogada, Claudia Rodrigues. Com um processo contra a Caixa Econômica Federal desde março deste ano, elas aguardavam nos corredores do prédio da Justiça Federal, na avenida Venezuela, o momento de tentar um acordo.

¿ Se for para tornar mais ágil, acho ótimo esse mutirão da justiça ¿ disse Rose.

Salas do TJ do Rio ficaram lotadas

Na sala de negociação, já estava também a aposentada Terezinha dos Santos, de 58 anos, e sua advogada, Denise Augusto Mendonça. Do outro lado da mesa, representantes de um banco tentavam solucionar descontos irregulares da conta da cliente feitos pelo sistema de empréstimo consignado.

Já no prédio do Tribunal de Justiça do Rio, as salas ficaram lotadas de réus, advogados e conciliadores. Os juízes consideram os resultados satisfatórios.