Título: Lula prega na Bolívia união da América do Sul
Autor: Oliveira, Eliane
Fonte: O Globo, 09/12/2006, Economia, p. 41

Para presidente brasileiro, países precisam encontrar soluções conjuntas para a região

COCHABAMBA (Bolívia). Reunida pela segunda vez desde que foi criada, em dezembro de 2004, e sem a presença dos presidentes da Argentina, Néstor Kirchner, e da Colômbia, Alvaro Uribe, a reunião de chefes de Estado da Comunidade Sul-Americana de Nações (Casa) foi precedida ontem por um apelo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ao desembarcar em Cochabamba, Lula disse que, se as nações sul-americanas não ajudarem umas às outras, a região não crescerá.

¿ Os países da América do Sul compreenderam a necessidade de ajuda mútua. Não acredito que haja possibilidade de um país, sozinho, encontrar soluções para o crescimento e o desenvolvimento ¿ afirmou Lula, momentos antes de se reunir, a sós, com seu colega boliviano, Evo Morales.

O presidente disse que os países devem repartir com os demais o conhecimento científico e tecnológico, as políticas industriais, as culturas e a educação. Segundo Lula, a América do Sul precisa mostrar ao mundo que está unida no mesmo propósito.

Indagado sobre o que conversaria com o boliviano Evo Morales, Lula respondeu:

¿ Foi o Evo quem pediu para conversar comigo.

O fato é que a agenda Brasil-Bolívia está recheada de problemas. Os principais são a reforma agrária em curso no país vizinho e a nacionalização das reservas de gás e petróleo no país.

Carta na manga para tratar da imigração

O primeiro item é, atualmente, considerado o mais complicado por algumas fontes próximas ao presidente, pois diz respeito ao futuro dos brasileiros que ocupam terras bolivianas.

Há duas categorias: os fazendeiros que produzem soja e que são responsáveis por 50% das divisas obtidas com a exportação pelo país vizinho; e os cerca de três mil cidadãos nascidos no Brasil que se estabeleceram em locais próximos à fronteira, vivem da exploração das terras e estão em situação irregular.

Lula tem uma carta na manga, que é o acordo bilateral de regularização da imigração. Até o fim do mês, o governo brasileiro decidirá se vai ou não prorrogar o tratado que permite que 60 mil bolivianos permaneçam no Brasil. Na maioria, são imigrantes clandestinos que moram em São Paulo.