Título: Movimentos sociais
Autor: Franco, Ilimar
Fonte: O Globo, 11/12/2006, O Globo, p. 2

O governo Lula vai investir ainda mais nas relações com os movimentos sociais no segundo mandato. Há uma convicção no comando do governo de que foi justamente o apoio da sociedade organizada que garantiu a sobrevivência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No auge da crise política, o PT perdeu a iniciativa e a oposição vacilou, temendo pela reação dos movimentos sociais.

Os governos brasileiros convivem diariamente com dificuldades no atendimento às demandas por recursos e obras feitas por senadores e deputados. Os ministros e seus subordinados, nomeados para seus cargos, costumam ser negligentes diante das reivindicações dos parlamentares, eleitos pelo voto popular. Mas esta é uma crônica conhecida dos governos democráticos. O descaso costuma ser ainda maior no atendimento às reivindicações das entidades que representam a sociedade. Estas sequer têm o voto no Parlamento para barganhar pelos seus interesses.

Um dos trabalhos dos quatro coordenadores políticos ao longo do governo Lula ¿ José Dirceu, Aldo Rebelo, Jaques Wagner e Tarso Genro ¿ foi o de pressionar ministros a receber e atender os parlamentares. Essa mesma tarefa foi desempenhada nos últimos quatro anos pelo secretário-geral da Presidência, Luiz Dulci, em relação aos movimentos sociais. No segundo mandato, a relação com os movimentos sociais nos ministérios será estruturada. O governo Lula vai criar em todos os ministérios a função de assessoria dos movimentos sociais, a exemplo do que ocorre com as assessorias parlamentares. Esses assessores integrarão um Fórum, que fará reuniões mensais, para avaliar as dificuldades que as entidades enfrentam para serem recebidas e atendidas nos vários órgãos do governo.

¿ A forte relação do presidente com os movimentos sociais é um trunfo de seu governo. Isso cria uma ¿governabilidade social¿, que se soma à ¿governabilidade parlamentar-partidária¿ ¿ diz Luiz Dulci.

Essa decisão é consequência da relação do presidente Lula com os movimentos sociais. Em quatro anos ele recebeu, no Palácio do Planalto, 400 destas entidades. O governo também ampliou a participação da sociedade organizada na definição de diretrizes de governo. No primeiro mandato, dois milhões de pessoas participaram, em todos os estados, das discussões de políticas governamentais em 34 conferências setoriais.