Título: Yeda: corrupção inibe presença feminina
Autor: Weber, Demétrio
Fonte: O Globo, 11/12/2006, O País, p. 4

Para governadora eleita do Rio Grande do Sul, moralização aumentaria participação

PORTO ALEGRE. Yeda Crusius (PSDB), primeira governadora eleita no Rio Grande do Sul, disse acreditar que a baixa participação das mulheres no Congresso se deve em parte às constantes denúncias de corrupção. Uma reforma política capaz de moralizar a atividade política, segundo a governadora eleita, atrairia um maior número de mulheres e, conseqüentemente, resultaria em um maior percentual de eleitas.

¿ Muitas mulheres fazem política, mas poucas participam de partidos políticos. Tanto que os partidos não conseguem fechar (a cota estabelecida por lei) de 30% de candidatas mulheres. O modo de fazer política espanta as mulheres. Quando a atividade dela resolve, a mulher se sobressai, como pode ser visto nos concursos públicos para o Judiciário e universidades federais ¿ disse Yeda, que promete aumentar a participação da mulher em sua administração.

A governadora eleita destaca que não teve dificuldades para ter seu espaço no PSDB porque, quando se elegeu pela primeira vez na década de 90, sendo uma das campeãs de votos no estado, o partido ainda era pequeno e, no momento de ser indicada para disputar o governo, já tinha seu espaço. Mas não é isso que em geral ocorre, afirmou.

¿- Dentro dos partidos é difícil convencê-los de que é preciso haver um maior espaço para as mulheres. Basta ver o próprio PT, onde em suas estruturas executivas e diretórios não há ou existem poucas mulheres.

Manuela D¿Ávila (PCdoB), candidata mais votada para a Câmara dos Deputados nas últimas eleições no Rio Grande do Sul, disse que o ambiente político é visto como masculino e há um ¿machismo¿ que procura constantemente descaracterizar a competência das mulheres.

¿ A Rita Camata, que dá o nome a uma das leis mais importantes deste país, era apresentada como a musa do Congresso. Quando falam de minha votação também se referem a uma suposta beleza. Isso é preconceituoso e procura desqualificar a vitória das mulheres ¿ disse Manuela.