Título: Cepal: Brasil deve crescer 2,8% este ano
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Fonte: O Globo, 15/12/2006, Economia, p. 39

Projeção para 2007 é de 3,5%. Governo adota cautela ao falar de expansão

SANTIAGO, BRASÍLIA e BUENOS AIRES. A Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal) reduziu de 4% para 2,8% sua projeção para o crescimento da economia brasileira este ano. Para 2007, a estimativa é de 3,5%. Já para a região de América Latina e Caribe, o órgão regional da ONU elevou suas projeções de 5% para 5,3% em 2006. Para o ano que vem, a previsão é de 4,7%.

Segundo o relatório ¿Balanço preliminar 2006¿, divulgado ontem, este será o terceiro ano consecutivo em que a região terá crescimento acima de 4%. Mas a Cepal ressalta que a expansão é inferior à de outras regiões em desenvolvimento.

Projeções como a da Cepal deixaram o governo cauteloso ao falar na meta de expansão de 5% do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto das riquezas produzidas pelo país) almejada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no segundo mandato. Ontem, tanto Lula como o ministro da Fazenda, Guido Mantega, evitaram citar a cifra durante a sanção da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas.

¿ Há grande potencial e condições sólidas da economia. Então, vamos crescer o que for possível. Certamente mais do que em 2006 ¿ afirmou Mantega, mostrando otimismo apesar das projeções da Cepal. ¿ (As previsões) são todas baseadas no retrovisor, no pretérito. Para a frente, as condições permitem um crescimento mais vigoroso, e acredito que a Cepal deverá em breve fazer uma retificação das previsões.

O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, foi o único a falar em expansão de 5% a partir de 2007. O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto, disse não acreditar que o país atinja esse percentual tão cedo:

¿ O Brasil poderá crescer de maneira sustentável a este nível em quatro ou cinco anos.

Na América Latina, a única projeção abaixo da do Brasil é a do Haiti, com 2,5%. Na região, o crescimento será liderado por Venezuela e República Dominicana, com 10% cada, seguidos pela Argentina, com 8,5%.

O país vizinho caminha nessa direção: ontem, o governo informou que a economia cresceu 8,7% no terceiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2005. Nos primeiros nove meses de 2006, o PIB argentino acumula 8,4%.