Título: Paralisação custou R$45 milhões
Autor: Dalvi, Bruno
Fonte: O Globo, 14/12/2006, O País, p. 14

Porto escoa 90% das exportações de celulose; indústria repudia ação

VITÓRIA. Nos três dias de operações suspensas em Portocel, o país deixou de exportar US$21 milhões (cerca de R$45 milhões). As quatro empresas que atuam no porto de Aracruz ¿ Aracruz Celulose, Suzano, Cenibra e Stora Enzo ¿ movimentam pelo terminal 90% das exportações nacionais de celulose, 4,5 milhões de toneladas anuais, o equivalente a US$3,2 bilhões (R$6,8 bilhões) na balança comercial brasileira.

Um navio que embarcaria para Bélgica e Holanda com 27 mil toneladas de celulose está atracado para ser carregado e duas barcaças com celulose aguardam para descarregar.

Por meio da assessoria de imprensa, antes de acertar o acordo de desocupação, a Aracruz Celulose afirmou, em nota, que atos como esse, que prejudicam os negócios no país e debilitam a imagem do Brasil no exterior, vêm-se repetindo para forçar o governo a aceitar a demanda pela ampliação da reserva indígena do estado.

Na segunda-feira à noite, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou sobre a questão:

¿ Não adianta eu querer trazer para cá uma fábrica de papel e celulose, porque a legislação diz: `Tal terra é dos índios, estamos na terra dos índios¿. Aí, no dia seguinte, tem mais terra para mais índios, no dia seguinte, tem mais terra de quilombola... Ou estabelecemos um marco jurídico para resolver isso ou ninguém acredita que as coisas podem dar certo neste país.

A Confederação Nacional da Indústria repudiou, em nota oficial, o ¿ato de vandalismo irresponsável protagonizado por grupos políticos¿ contra o porto. A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) também criticou invasão e pediu solução rápida ao governo.