Título: Perícia não tem como trabalhar
Autor: March, Rodrigo
Fonte: O Globo, 14/12/2006, Rio, p. 30
No jargão policial, dizem que ¿cadáver fala¿. Um exame cadavérico pode, por exemplo, revelar a hora da morte, se as lesões foram feitas ainda em vida, se há fragmentos de pele sob as unhas etc. Mas, segundo o próprio diretor do Instituto Médico-Legal (IML), Roger Ancillotti, o governo do estado sempre deixa a perícia em segundo plano:
¿ Neste último ano, principalmente nos últimos meses, houve um corte linear de 25% nos investimentos do Executivo e a situação piorou. Estamos sem material para fazer as perícias e esperamos que o governador eleito Sérgio Cabral olhe por isso.
Em abril do ano passado, quando era o diretor da Polícia Técnica e Científica do Rio, Roger Ancillotti reconheceu que havia uma carência na área de 200 profissionais. Mas o concurso prometido pelo governo para contratar 200 peritos criminais e 180 papiloscopistas ainda não saiu do papel.
¿ A perícia sempre fica por último. Empurraram o concurso com a barriga, por causa do período eleitoral ¿ diz ele.