Título: Manaus e Campos superam o Rio no ranking da produção industrial
Autor: Rodrigues, Luciana e Balbi, Aloysio
Fonte: O Globo, 14/12/2006, Economia, p. 35

Petróleo explica sete dos dez maiores PIBs `per capita¿ municipais do país

RIO e CAMPOS. Segunda maior cidade do país, o Rio de Janeiro foi ultrapassado por Manaus e Campos no ranking da produção industrial do Brasil. Num ano em que a economia brasileira cresceu 4,9%, a Zona Franca de Manaus viu seu faturamento crescer 32,5%, em dólares. Com isso, a cidade foi alçada à vice-liderança dos maiores PIBs industriais, atrás apenas de São Paulo. O Rio ficou no 4º lugar.

Desde então, o maior pólo industrial do Norte segue a pleno vapor. Só este ano, foram produzidas mais de 1 milhão de motos em Manaus. A fabricação de monitores de computador cresceu de 304 mil no ano passado para 1,05 milhão este ano.

¿ Em 2002, tínhamos 350 empresas no pólo, este ano devemos ultrapassar a marca de 500 ¿ afirma José Alberto da Costa Machado, da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa).

Campos dos Goytacazes também ultrapassou o Rio em valor de produção industrial, devido ao petróleo. A cidade usa o dinheiro dos royalties para financiar empresas de outros setores, numa tentativa de diversificar a economia. Mas, segundo especialistas, essa estratégia pode não ser totalmente eficaz:

¿ As indústrias geram impostos federais. O município tem que sobreviver com impostos como IPTU, ISS e parcelas do IPVA. A soma desses impostos hoje representam só 4% do orçamento de Campos ¿ afirma Roberto Moraes, do Observatório Sócio-Econômico do Norte Fluminense.

A economista Denise Cunha Tavares Terra, da Universidade Candido Mendes de Campos, concluiu num estudo sobre desigualdades espaciais que os royalties nunca foram bem aplicados no município.

Em Campos, favelas crescem às margens de rodovia

Nas ruas de Campos, os sinais de riqueza convivem com a desordem urbana. Imobiliárias negociam apartamentos de R$700 mil em bairros nobres e favelas crescem às margens da BR-101. Bancos e financeiras disputam clientes para suas carteiras de crédito nas ruas do centro. Mas a 134ª Delegacia de Polícia (Campos) foi a que mais fez apreensão de crack este ano no Estado do Rio.

O petróleo que içou Campos ao posto de terceiro produtor industrial do país também desenha o mapa dos maiores PIBs per capita do Brasil. O ranking é liderado por São Francisco do Conde (BA), que abriga a segunda maior refinaria do país. Entre os dez maiores PIBs per capita, quatro são municípios fluminenses de zona petrolífera: Quissamã, Carapebus, Rio das Ostras e Macaé.

Ranulfo Vidigal, da Fundação Cide, explica que o petróleo é produzido no mar, na Bacia de Campos, e não corresponde a real circulação de riqueza nesses municípios. Pela metodologia da Fundação Cide, que exclui o petróleo, o PIB per capita de Quissamã seria de só R$8.686 em 2004, contra R$231.213 encontrados pelo IBGE. Carapebus, com o petróleo, tem um PIB per capita de R$167.391, 34 vezes mais do que no cálculo sem o petróleo (R$4.947).

Dos dez municípios com maior PIB per capita do país, sete produzem ou refinam petróleo. Cascalho Rico e Araporã, em Minas Gerais, têm usinas hidrelétricas.

Porto Real, no Estado do Rio, é a exceção na lista dos maiores, porque sua principal atividade econômica é a indústria automobilística. Com apenas 14.326 habitantes, a cidade abriga uma fábrica da PSA Peugeot Citroën, que viu sua produção crescer de 44.922 automóveis em 2003 para 66.500 em 2004, num avanço de 48%. O PIB per capita de Porto Real subiu da 7ª para a 4ª posição no ranking nacional.

COLABOROU Cássia Almeida