Título: Uma propaganda mais correta
Autor: Ribeiro, Erica
Fonte: O Globo, 14/12/2006, Economia, p. 41

Para consumidor, publicidade é menos racista e mais transparente

A publicidade brasileira está bem na foto. É o que mostra a pesquisa ¿A imagem da propaganda no Brasil¿, encomendada pela Associação Brasileira de Propaganda (ABP) ao Ibope. A medição, feita com 2.002 pessoas das classes A até E em agosto, em todas as regiões do país, considera a propaganda em 2006 menos racista, com maior qualidade de informação e transparência. A propaganda brasileira é considerada ótima ou boa por 43% dos entrevistados, contra 34% em 2004. Os índices, segundo o presidente da ABP, Adilson Xavier, mostram o resultado do investimento em qualidade. Os resultados de 2006, diz, são os melhores da série de pesquisas, iniciadas em 2002 e feitas a cada dois anos:

¿ O que chamou a atenção é que os índices melhoraram muito, entre eles qualidade da informação, com 85%, e transparência, com 70%.

A propaganda está discriminando menos, como aponta a pesquisa. Na avaliação dos entrevistados, a discriminação aos negros caiu de 24% em 2002 e 2004 para 18%. Para 39% dos entrevistados, a propaganda não discrimina.

¿ O respeito às diferenças evoluiu muito e a percepção é alta. Acho que refinamos a forma de lidar com o humor. É muito fácil fazer humor discriminando ¿ assinala Xavier.

O papel da propaganda em campanhas de utilidade pública também cresceu: 80% dos entrevistados consideram importantes e destacam a necessidade de mais anúncios de combate às drogas nas escolas e ao consumo de drogas e de estímulo à educação.

¿ Isso é um pedido de socorro da população aos governantes ¿ diz Xavier.

O uso da sexualidade e da sensualidade na propaganda não agrada ao consumidor. Para Xavier, pode ser um sinal de que o setor exagerou e errou a mão, confundindo sensualidade com sexualidade. Outro ponto da pesquisa revela que algumas mensagens permanecem na cabeça do consumidor. Estimulados a dizer que produtos estão proibidos de fazer propaganda, apenas 21% dos consumidores perceberam que os cigarros estão banidos da publicidade de massa (há anos).