Título: Presidente elogia o cresimento econômico durante o governo Médici
Autor:
Fonte: O Globo, 16/12/2006, O País, p. 10

Petista ressalva que não houve distribuição de renda para os pobres

BRASÍLIA. Ao discursar no almoço de confraternização de final de ano com oficiais-generais das Três Forças Armadas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez elogios e críticas ao crescimento econômico verificado nos regimes militares das décadas de 60 e 70. Lula disse que nunca houve crescimento igual ao do período do presidente Emílio Garrastazu Médici, chamado de ¿milagre econômico¿ e ¿sem similar na História¿.

Mas, em seguida, ponderou que esses momentos não foram acompanhados de aumento salarial e distribuição de renda. Ao citar sua reeleição, Lula disse que, a partir de agora, será alvo de críticas, vidraça de si mesmo e que, por isso, terá mais cautela ao criticar.

Lula disse ainda que o problema de o crescimento não ter se refletido em justiça social ocorreu em outros momentos, como no governo de Juscelino Kubitschek, e que apenas no seu governo está ocorrendo redução da pobreza.

¿ Se analisarmos outros dois períodos da história brasileira, vamos perceber o milagre brasileiro, entre 1968 e 1973, no governo do presidente Médici que, do ponto de vista eminentemente de crescimento econômico, não tem similar na História do Brasil. Lembro-me porque eu era dirigente sindical naquela época, estava dentro da fábrica, e a oferta de emprego era de tal magnitude que uma empresa ia para a porta da outra roubar trabalhador. Chegamos a crescer, em 1973, 13,94%, muito mais do que a China cresce hoje ¿ disse Lula, criticando o resultado disso: ¿ Mas, quando a gente olha o resultado, a gente fica abismado. É que o Brasil não teve a cultura de crescer com inflação baixa. Segundo, esse crescimento não significava aumento da renda dos pobres. O salário mínimo diminuía na medida em que o PIB crescia. Só para ter idéia, quando o PIB cresceu 13,94%, o salário mínimo teve menos 3,4% de reajuste.

¿Agora, a vidraça sou eu, de mim mesmo¿

Para Lula seu desafio é promover o crescimento econômico com justiça social e, se não conseguir, a população ficará frustrada:

¿ Agora, a vidraça sou eu, de mim mesmo. Jogarei as pedras com mais cautela. Não tenho mais que fazer discurso comparando o meu governo ao daqueles que eu substituí. Vou ter que fazer discurso comparando o meu segundo mandato com o primeiro.

Diante da platéia de militares, Lula lembrou o governo militar de Ernesto Geisel e o governo democrático de JK.

¿ Se a gente pegar um outro momento auspicioso da história do Brasil, que foi a Presidência do Juscelino Kubitschek, é o mesmo retrato. A economia cresceu, em média, 8 a 9% ao ano, mas a inflação era, em média, de 22 ou 23%, e o salário mínimo decaiu na maioria dos casos. Poucas vezes na história do Brasil se combinou o desenvolvimento, o crescimento econômico com a distribuição de renda e com a justiça social.

O presidente dispensou elogios ainda a outro governo militar, o de Ernesto Geisel:

¿ O último presidente a investir em infra-estrutura foi o presidente Geisel, que depois deixou um pepino para o presidente Figueiredo.