Título: Novo presidente do BB promete perfil técnico, mas mantém vices petistas
Autor: Duarte, Patrícia
Fonte: O Globo, 16/12/2006, Economia, p. 36

Lima Neto busca sócio para abrir financeira e mira no crédito habitacional

BRASÍLIA. O novo presidente do Banco do Brasil, Antônio Francisco de Lima Neto, defendeu ontem a administração da maior instituição financeira do país, rebatendo as denúncias de ingerência política. Oficialmente interino, Lima Neto anunciou que manterá na diretoria os dois vice-presidentes ligados ao PT, Luiz Oswaldo Sant'lago (Gestão) e Adézio Lima (Crédito). Segundo ele, ambos ocupam os cargos por serem bons profissionais e não há qualquer ¿caça a petistas¿ no BB.

¿ Tem de ser técnico, não importa a coloração. Não tenho nenhum problema de trabalhar com eles ¿ afirmou Lima Neto, acompanhado de seu antecessor, Rossano Maranhão.

O BB foi alvo de denúncias sobre abuso de poder, que acabaram levando Maranhão, funcionário de carreira, a assumir a presidência no fim de 2004, no lugar de Cássio Casseb. Naquele momento, a turbulência era enorme, devido a escândalos como a compra, pela instituição, de R$70 mil em ingressos para um show da dupla sertaneja Zezé di Camargo e Luciano que tinha como objetivo arrecadar dinheiro para o PT. Já na gestão de Rossano Maranhão, o banco foi envolvido na CPI dos Correios pelo uso de verba publicitária da Visanet, da qual o BB é sócio, em benefício de empresas de Marcos Valério.

Despolitização do banco de olho no Novo Mercado

De lá para cá, a estratégia foi despolitizar e criar perfil técnico para a administração do banco, que tem ações em bolsa e pretende participar do Novo Mercado da Bovespa. O mesmo acabou acontecendo com a Caixa Econômica Federal (CEF), chamuscada pela quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa e que acabou tendo seu presidente, Jorge Mattoso, ligado à ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy (PT), demitido e substituído pela funcionária de carreira Maria Fernanda Ramos Coelho.

Lima Neto, que não tem vínculos políticos, disse que apenas recebeu a orientação do ministro da Fazenda, Guido Mantega, para fazer o banco continuar crescendo de olho na competição, sem pressões para diminuir mais rapidamente as taxas de juros, por exemplo.

Ele adiantou que o banco pretende continuar focando na concessão de crédito, com previsão de manter a expansão de 30% em 2007, abrindo frente para o financiamento imobiliário e fortalecendo a concessão para compra de veículos. As parcerias com redes de varejo também serão ampliadas.

No próximo ano, o banco vai inaugurar uma financeira própria e a idéia é buscar um sócio. Assim, não seria necessário passar pela autorização do Congresso Nacional, o principal empecilho para a abertura da financeira neste ano, como previa o projeto inicial.

Sobre a criação das contas-salário, que passarão a ser obrigatórias a partir de 2007 para os empregados com contratos de trabalho fechados a partir de setembro passado, o novo presidente do BB argumentou que a estratégia inicial será manter os oito milhões de clientes que já recebem salário pelo banco.