Título: Comércio com Argentina terá real e peso
Autor: Duarte, Patricia
Fonte: O Globo, 16/12/2006, Economia, p. 37

Idéia é reduzir custos cambiais nas transações entre Brasil e país vizinho

BRASÍLIA. Brasil e Argentina poderão usar, em cerca de seis meses, suas moedas (real e peso) nas operações comerciais entre os países. Está sendo criado um sistema de pagamentos entre as autoridades monetárias brasileira e argentina que eliminará a necessidade do uso de contratos de câmbio em dólar nas transações. Segundo o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, a idéia é reduzir custos, sobretudo para as pequenas e médias empresas.

O sistema funcionará da seguinte maneira: os bancos centrais dos dois países registrarão diversas transações e, ao fim do dia, formarão uma taxa de conversão única entre as duas moedas. Esta terá como base a Ptax (média diária) do dólar, para o real, e o dólar, para o peso. Será a chamada taxa de referência. Em seguida, se houver alguma diferença de liquidez entre os dois bancos, a compensação será feita em dólares entre eles. Apenas no dia seguinte importadores e exportadores terão suas operações finalizadas.

¿ A taxa será uma só, independentemente do valor. Não é um sistema de garantia ou crédito, mas um sistema de pagamentos ¿ disse Meirelles, que participou ontem da reunião de ministros da Fazenda e presidentes de BCs do Mercosul.

Meirelles disse que as autoridades monetárias estão participando desse processo porque ainda não existe um mercado livre e transparente de transação entre peso e real. Segundo ele, acordos com os demais sócios do Mercosul também serão fechados. Meirelles, porém, não soube calcular o ganho para os empresários brasileiros.

Fundo para Mercosul também foi aprovado

Já o presidente do BC argentino, Martín Redrado, acredita que o ganho para os pequenos exportadores pode chegar a 1,5% do valor das operações de câmbio, que equivale ao que os bancos cobram mais caro desta categoria na hora de fechar contratos na moeda americana.

Também na reunião foi aprovada a criação do Fundo para a Convergência Estrutural do Mercosul (Focem). Segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, a idéia é fechar o primeiro orçamento em US$70 milhões. O Brasil já arcou com US$35 milhões, porque sua participação no fundo é proporcional a seu peso no PIB regional.